segunda-feira, 1 de janeiro de 2007


passam as horas, os minutos. passam até os dias. e a vida esvai-se sem que o tempo que eu procuro fique. não espero que tudo seja resolvido agora, neste momento, mas que houvesse indícios...as esperas inúteis assustam-me como o vento, quando, ferozmente, fustiga as árvores da minha floresta imaginada. a praia é o paraíso daqueles que um dia quiseram ser os amantes da vida. daqueles que não queriam ficar sempre, aqui, à espera.
mas tudo se espera. até o nascer do dia, de manhã...e a noite, às vezes, custa tanto a passar: a lua é lenta e as estrelas teimam em brilhar.
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De noite, amada, prende o teu coração ao meu
e que no sono eles dissipem as trevas
como um duplo tambor combatendo no bosque
contra o espesso muro das folhas molhadas.
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Nocturna travessia, brasa negra do sono
interceptando o fio das uvas terrestres
com a pontualidade dum comboio desvairado
que sombra e pedras frias sem cessar arrastasse.
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Por isso, amor, prende-me ao movimento puro,
à tenacidade que em teu peito bate
com as asas dum cisne submerso,
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para que às perguntas estreladas do céu
responda o nosso sono com uma única chave,
com uma única porta fechada pela sombra.
in Cem Poemas de Amor, Pablo Neruda

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