terça-feira, 29 de maio de 2007


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por Aristóteles
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"Se, pois, o intelecto é qualquer coisa de divino por comparação com o homem, a vida, segundo o intelecto é igualmente divina comparada à vida humana. Não devemos escutar quem nos diz, sob o pretexto de sermos homens, que só devemos aspirar às coisas humanas e, sob pretexto de sermos mortais, que devemos renunciar às coisas imortais. Na medida do possível, devemos tornar-nos imortais."

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apetecia ser imortal, hoje.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

- queres aprender a voar?, perguntou-me ele um dia. eu respondi afirmativamente. depois fiquei à espera. acho que vou precisar de comprar asas...

domingo, 27 de maio de 2007

a mesma curiosidade...




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(Tela: What is it?, de Henry Stacey Marks
//Foto: Portimão, 1957. Gérard Castello-Lopes)

sexta-feira, 25 de maio de 2007

chegou


chegou a casa.
fechou as janelas. já não tinham de estar abertas.
lá fora o vento soprava.
sentou-se.
depois levantou-se e foi para a cozinha. vagueou pelo meio dos tachos, pratos, copos, facas, garfos e colheres. sentou-se.
vestiu o pijama. tornou a levantar-se, desta vez, para ir buscar o chá que ficara em cima da bancada da cozinha.
voltou a sentar-se. fechou os olhos e, por minutos, esperou que eles se esquecessem de ver...estava ali.
o dia acabara e agora a hora era a da noite.
tornou a levantar-se. a sala estava cheia de ausências...além das vozes que povoavam as prateleiras das estantes, estava só o silêncio da sua voz e o som, cadenciado, da respiração.
estava viva - outro dia que acontecera.
a alma estava cansada. tinha de ir descansar o corpo. as pernas que já lhe doíam. os braços que lentamente ficavam dormentes...e os olhos, claro, esses, que viam tudo, mesmo quando, de manhã, no caminho para o trabalho, estivesse nevoeiro. esses estavam exaustos.
tinha de ir descansar.
levantou-se e foi.

1.fevereiro.2006

quinta-feira, 24 de maio de 2007

EDITORIAL

Dn Online de 24.05.07


O Governo decidiu prolongar o congelamento das progressões de carreiras na função pública por mais um ano. Percebe-se: a medida garante a poupança de 400 milhões de euros anuais. Questiona-se: é aceitável voltar a alterar as regras a meio do jogo?

O responsável por estas mudanças no Estado usa bons argumentos: diz que nos próximos três anos vai vigorar um regime transitório, mais rápido do que a velocidade de cruzeiro do novo sistema. Assim, até 2010, a progressão de um funcionário com nota de excelente dá-se ao fim de um ano, o desempenho relevante abre a porta à subida ao fim de dois anos e o adequado ao fim de três.

Mas, traduzindo, o que está em causa são três anos de deserto para todos os funcionários públicos. Um deserto que o Governo começou por dizer que era provisório por um ano, que depois afirmou que era provisório por mais um ano e que agora anuncia que se prolongará por mais um ano, mantendo o regime de provisório.

Três anos contados a partir de Janeiro de 2008 e, ainda por cima, com apenas 5% dos funcionários avaliados a poderem ter classificação máxima e só 20% nota relevante. O que quer dizer que a reintrodução da despesa ligada à avaliação do mérito no desempenho só se dará com grande rateio a partir de 2009, e só envolverá a maioria dos funcionários públicos em 2011.

Conclusão: tudo isto está decidido, tudo isto é provisório.

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Mentira, s.f. - afirmação contrário à verdade; falsidade; ficção; ilusão; juízo errado; indução em erro; persuasão falsa.

Mentiroso, adj. e s. m. - que ou aquele que mente; enganoso; aparente; doloso; falso; impostor; oposto à verdade.

*Definições retiradas de Priberam.


quarta-feira, 23 de maio de 2007

refúgio...

Caixa
Sérgio Remondes

sábado, 19 de maio de 2007


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refúgio podia ser sinónimo de fim-de-semana. por exemplo, hoje. por exemplo, aqui.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

por vezes as histórias acontecem assim e ninguém espera que elas acabem. as pessoas encontram-se, perdem-se em palavras e quando procuram o princípio ele já não existe.
esquecemo-nos quase sempre de o guardar.
devia haver uma caixa própria para guardar os inícios. temos repetidamente vontade de o saborear e deixamos teimosamente esse instante de prazer para depois e o depois pode não vir a acontecer.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

E o assunto é "só" a língua materna

por João César das Neves
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A escola, antes de tudo, ensina a ler e escrever. Por isso os custos de mudar a gramática lectiva são esmagadores, com benefícios vagos. Os linguistas, como todos os cientistas, são inovadores, polémicos, puristas. É natural que as teorias abundem, evoluam, se entrechoquem. Mas quando o Ministério da Educação intervém, a interessante discussão de especialistas passa a gravíssimo atentado à língua e cultura.

A Portaria n.º 1488/2004 de 24 de Dezembro revogou a anterior gramática (Nomenclatura Gramatical Portuguesa da Portaria n.º 22 664 de 28 de Abril de 1967), adoptando, "a título de experiência pedagógica, a Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário". Agora, como a experiência correu mal, vai proceder-se, "até Janeiro de 2009, à revisão dos programas das disciplinas de Língua Portuguesa" e "ficam suspensos, até 2010, os processos de adopção de novos manuais das disciplinas de Língua Portuguesa dos 5.º, 6.º, 7.º, 8.º e 9.º anos de escolaridade" (Portaria n.º 476/2007 de 18 de Abril).

A antiga gramática está revogada e a nova vai ser revista. Quem aprendeu, afinal não sabe nada. Quem quer aprender, não sabe o quê. Ninguém se entende. E o assunto é "só" a língua materna. Se existisse uma conspiração deliberada para destruir as bases da nossa educação, progresso e unidade nacionais, o efeito não seria pior. O facto de isto ser causado, não por terroristas, mas pela arrogância e incompetência de funcionários, não é desculpa. Estão na prisão muitos por muito menos.

domingo, 13 de maio de 2007

movimento similar...
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(tela: Evening Thoughts, de Pino //

Filme: Nicole Kidman in Fur – Um Retrato Imaginário de Diane Arb)

sexta-feira, 11 de maio de 2007



pedras frias
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e começou a andar. ouvia-se apenas o martelar dos saltos na pedra. sintonizados, crescentes.
de repente parou. alguém, apressado, vinha atrás dela. ficou assim, petrificada, muda, como o frio que vinha da pedra. sabia que tinha de sair dali, que alguém a queria prender, mas as pernas não obedeciam e ali estava.
e os outros, os que vinham atrás, cada vez estavam mais perto...já eram as vozes deles que ouvia quase ali. as lágrimas começaram a cair. quantas saudades lhe surgiram de repente. memórias dos outros tempos em que, criança, por ali corria e ouvia as gargalhadas dos vizinhos, dos amigos, da mãe. a mãe...quanta ternura! o murmúrio de todos os dias; as palavras das pessoas que passavam; as mãos dos namorados que se entrelaçavam; os beijos que ali tinham roubados.agora, uma praça vazia.agora, pedras que eram apenas frias...
agora, vozes que vinham do medo. tudo estava ali. e eles, os outros, quase a gritarem-lhe aos ouvidos para parar. mas ela já estava parada, ela não conseguia andar, ela estava petrificada, ela, afinal, não queria ir. e levantou um braço. agitou os dedos, lançou o corpo para a frente. movimentou-se languidamente. um tiro. caiu. as pedras frias da praça receberam o corpo e os olhos, agora fixos no cinzento da pedra, sorriam serenamente.
1.maio.06

domingo, 6 de maio de 2007

Porque vivemos alturas em que é essencial ouvir / ler quem sabe e pode falar, transcrevo aqui excertos de uma entrevista publicada no CM, feita a Henrique Neto, ex-deputado socialista Henrique Neto, dono da Iberomoldes, empresa que se tornou numa destacada referência mundial.
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(...)
- Ingressa no Partido Socialista (PS) em finais dos anos 80. É deputado entre 1995-1997. Mas ficou-se por aí. Fartou-se da política?
- Fartei-me! Ser deputado não correspondia às minhas características: ser frontal. Dizer, sem preocupações, aquilo que penso. Ser livre.
(...)
- Durante a governação do Eng. António Guterres, as suas críticas foram bastante acentuadas.
- A nossa relação azedou quando ouvi numa reunião do grupo parlamentar, alguém chamar a atenção em tom de crítica, de que havia pessoas que escreviam nos jornais contra o partido. Lembro-me que um dos nomes era Dr. António Barreto. No final, o Eng. António Guterres disse que não estava preocupado, porque no fundo “o que eles têm é inveja de nós estarmos aqui”. Eu respondi-lhe que, a partir do momento que os governos deixam de ouvir, perdem legitimidade. Acabei por escrever uma carta. Lendo-a hoje, dá-me vontade de rir. Tudo o que lhe aconteceu está lá escrito: o governo não governou bem.
- E o actual?
- Também não. É um governo feito de enganos. Os portugueses estão a favor do governo, dizem que o Eng. Sócrates governa bem, mas é pura ficção. O governo é muito hábil em fazer passar objectivos consensuais: umas vezes não tem levado à frente esses objectivos, porque não quer, e outras vezes, por- que não sabe. Tem muitas manobras de diversão. É muito difícil saber se o Eng. Sócrates quer ou não uma coisa. Lança até ideias que não quer, com o intuito de serem queimadas.
Retirado de Sala dos Professores
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Subscrevo.

sábado, 5 de maio de 2007

citando...

por Ferreira Fernandes, in DN online.
Quando se soube que el-rei D. Fernando ia casar com Leonor Teles, o alfaiate Fernão Vasques desdenhou: "É uma má mulher." O alfaiate foi enforcado. Muitos anos depois, o velho rei D. Manuel pensou casar o príncipe João (futuro D. João III), seu filho, com a princesa espanhola D. Leonor. A prometida chegou, era mais bonita que o esperado e D. Manuel I repensou o assunto: casou ele com a beldade. O poeta Luís de Camões brincou com o assunto no seu Auto dos Anfitriões. Camões foi exilado para a Índia. Anos depois, Portugal tinha um primeiro-ministro subido a pulso e os Távoras, da alta nobreza, eram viperinos contra o tal marquês de Pombal, da baixa nobreza. Os Távoras acabaram no pelourinho... Em Portugal, brincar com quem mais manda nunca foi bom para a saúde. Por isso, quando vejo um simples ministro apresentar-se como "engenheiro civil... e inscrito na Ordem dos Engenheiros", sorrio. É bom saber que, hoje, já se pode gozar com o mais poderoso português.
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país de brandos costumes, dirão alguns, de fanfarronice a mais, pensarão outros que o não dirão.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

"As civilizações são mortais, porque é que os partidos hão-de ter uma vocação de vida eterna? Isso só a Igreja Católica é que tem." - José Miguel Júdice


DN online

quinta-feira, 3 de maio de 2007

podia ser: - hoje não me apetece, dói-me a cabeça. ou, então: - gosto de outro. e ainda: disseram-me onde passaste a tarde... podia ser: - hoje não me apetece, dói-me a cabeça. ou, então: - gosto de outro. e ainda: - disseram-me onde passaste a tarde... podia ser: - hoje não me apetece, dói-me a cabeça. ou, então: - gosto de outro. e ainda: - disseram-me onde passaste a tarde... podia ser: - hoje não me apetece, dói-me a cabeça. ou, então: - gosto de outro. e ainda: - disseram-me onde passaste a tarde... podia ser: - hoje não me apetece, dói-me a cabeça. ou, então: - gosto de outro. e ainda: - disseram-me onde passaste a tarde... podia ser: - hoje não me apetece, dói-me a cabeça. ou, então: - gosto de outro. e ainda: - disseram-me onde passaste a tarde... podia ser: - hoje não me apetece, dói-me a cabeça. ou, então: - gosto de outro. e ainda: - disseram-me onde passaste a tarde...

terça-feira, 1 de maio de 2007

é nas ausências que aprendemos a solidão do silêncio. e depois...