terça-feira, 3 de julho de 2018

Será que percebo bem?

( CARTA ENVIADA POR UM CIDADÃO QUE NÃO É PROFESSOR)
Exmo. Sr. Presidente da República, Sr. Professor Marcelo Rebelo De Sousa,
Será que percebo bem?
O Presidente de todos os portugueses pronuncia-se publicamente sobre o ataque ao balneário do Sporting em Alcochete. Um assunto de ordem estritamente policial merece a atenção de assunto de Estado!
O presidente de todos os portugueses comenta os jogos da selecção nacional de futebol e os respectivos jogadores são alvo de honroso convite para almoço e dos maiores encómios!
Será que percebo bem?
O futebol, onde um conjunto de especialistas em pontapés na bola ganha fortunas grotescamente ofensivas da dignidade humana da grande maioria dos trabalhadores portugueses, é considerado pelo Sr. Presidente como um assunto de alta relevância para a Nação!
O Presidente de todos os portugueses homenageia em palco, no Rock in Rio, uma banda musical portuguesa e um seu falecido componente!
Os Xutos e Pontapés são uma boa banda musical e o seu ex-guitarrista Zé Pedro um relevante especialista na arte de tocar guitarra, mas qual o contributo afinal dos Xutos e Pontapés para a riqueza da Nação? Que benefício aportam ao cidadão comum na sua qualidade de vida quotidiana?
Será que percebo bem?
A classe profissional mais importante deste país tem sido roubada, vilipendiada e denegrida publicamente e ao Presidente de todos os portugueses não se lhe ouve um comentário!
Os Professores que contribuem decisivamente para a formação de todos (TODOS!) os cidadãos deste país não são merecedores, sequer, da mesma atenção que é atribuída aos especialistas no pontapé na bola e aos virtuosos dos acordes musicais.
Os especialistas em educar e formar os cidadãos são esquecidos e votados ao abandono por quem, sendo até, curiosamente, também Professor, é hoje o Presidente de todos os portugueses (dos professores também!).
Será que percebo bem?
Os futebolistas do Sporting levam uns apertões, os jogadores da selecção são elogiados, os Chutos e Pontapés homenageados......e os Professores não existem na agenda do Sr. Presidente!
Será que percebo bem?
Como podemos ter um futuro enquanto país se as novas gerações estão nas mãos desta classe de "privilegiados" que reclama pela reposição do que lhe roubaram? Desmotivados, cansados e enraivecidos com a injustiça de que são alvo?
E que exemplo é este dado ao jovens alunos, futuros plenos cidadãos? Aos seus professores não se lhes reconhece qualquer dignidade?
Quem vai querer ser professor no futuro? Os melhores? Os mais capacitados? Ou os excluídos de outras bem melhores alternativas?
Será que percebo bem?
No Estado Novo utilizava-se a trilogia dos 3F's - Futebol, Fado e Fátima.
No "Estado Democrático" repete-se a receita: Futebol, Festivais e fait divers.
O Povo consome e o Poder perpetua-se!
Será que percebo bem?
De V.Exa
Atentamente
José Coelho Martins
(OBS - Não sou Professor!)

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Serviços mínimos em educação - CRONOLOGIA


Porque recordar como se chegou aqui e o que disseram antes e o que fazem agora, exatamente aquilo com que antes não concordavam, é importante:
A possibilidade de serviços mínimos na Educação surgiu com a Lei n.º 35/2014, de 20 de Junho. Consta da alínea d) do n.º 2 do artº 398:
"d) Educação, no que concerne à realização de avaliações finais, de exames ou provas de caráter nacional que tenham de se realizar na mesma data em todo o território nacional;"

Esta lei foi uma proposta do Governo PSD-CDS. Foram estes partidos que introduziram a Educação nos serviços mínimos, possibilidade que o atual governo do PS acabou de usar.


Mas veja-se o histórico desta lei.

Está aqui tudo.

E que dizia a proposta inicial do governo? Em vez de arto 398 dizia artº 396 mas a d) era como agora está (ver pág 301).

Ora vários partidos apresentaram propostas de alteração. Um deles foi o PS. E que propunham? Eliminar a d) que agora usaram. (ver pag 26). 

Isto é, o Partido Socialista não concordava com a Educação nos serviços mínimos e agora o seu governo usa essa norma que não conseguiram eliminar.

Já agora, o PCP também propôs que se retirasse a alínea d).