quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Este país não é para velhos

Hoje li, vi e ouvi muita 'coisa' no Facebook. Algumas comentei, outras discuti, outras partilhei. Outras houve a que não liguei e ainda temos aqueles casos de que Gostei (apenas...).
Neste momento, se for ao meu mural, já não são essas 'coisas' que estão lá visíveis. Teria que ir ao meu perfil e procurar no fundo da página por elas. Algumas já estarão quase, quase a pertencer às publicações antigas. E depois, muito rapidamente, passarão a pertencer ao Arquivo do Facebook que eu não irei consultar porque, às tantas, já não tenho tempo nem memória para isso. 
Mas há partilhas que se fazem ali que eu gostava de guardar e de poder consultar, em minutos, sem ter de calcorrear murais ou perfis. E, por isso, hoje aqui estou. Também para publicar, também de forma efémera. Também "carpe diem", e, no entanto, com a possibilidade de guardar como quero e onde. O blog dá-me essa liberdade.

O que passarei de imediato a transcrever foi escrito por um amigo, no Facebook. Partilhou com os seus amigos um momento do seu dia. Foi uma lição de vidas. Umas horas antes, outro amigo partilhou esta maravilha. Juntei os dois e aconteceu este post. Sugiro a leitura do texto que se segue ao som de The Cinematic Orchestra - That Home.

Hoje vi isso. Como sabem, almoço numa cantina a preço módico. Trata-se de uma associação de trabalhadores, de um certo ministério que tem uma cantina. Celebrou protocolos que permitem que outras pessoas, como eu, lá vão almoçar. Pessoas no activo e reformadas de vários ministérios.
Alguns reformados são extremamente chatos, sempre com implicações e complicações, já meio perdidos nos seus pensamentos e de pouca ligação ao mundo. Vão com as suas sacas, pedem mais arroz ou menos couve, sempre chatos mas simpáticos, quando algum de nós, dos novos, fala com eles. Pagam muito pouco pela refeição, perto de 2 euros, suponho. Alguns precisarão daquela comida a esse preço, outros poderiam pagar mais, não sei ao certo. Mais importante é que aqueles ginjas chatos, que só fazem a fila atrasar e que originam que eu diga serem as empregadas especialistas de geriatria com a paciência que têm com aquelas criaturas insuportáveis, com os seus oitenta e tal anos alguns, bengalas e mãos a tremer que entornam sopa no chão, têm aquela rotina, aquela ligação ao mundo, uma vez por dia. Quem já lidou com velhos sabe como a rotina é importante para eles e que se é quebrada se instala o caos.
Hoje, na fila para comprar a senha, ouvi a senhora que vendia avisar uns reformados "Hoje é o último dia. A partir de sexta-feira só podem comer aqui os reformados deste ministério. A Segurança Social não dá mais dinheiro." .
Já tinha ouvido zunzuns há uns tempos, esperava até ser eu excluído, mas não. Foram os velhos de outros ministérios.
O almoço estava bom mas soube-me a amargo. Vou almoçar mais à vontade, não demorarei tanto tempo na fila, não deixarei passar gente à frente só para não ficar ao lado de alguns como a velha da trança que parece eléctrica e anda para trás e para a frente, mas olhei pelas mesas e pensei "Quantos vão estar mortos daqui a dois-três meses? Que ao menos os deixem comer aqui, mesmo pagando um preço normal".
Eu sei como são os velhos. Hoje mataram alguns.



segunda-feira, 21 de março de 2011

momento fantástico


fúria. muita fúria e luta. o mar que enrola a areia, a sacode e atira de volta nas ondas que voltam e se enrolam de novo na espuma das ondas.
e depois bate no paredão do farol. com força. estala. e, de repente, ao longe, a linha do horizonte que separa. que torna azul a passagem. e com ela vem a calma, a paz, no voo estranho de uma gaivota. é o sossego.
(Foto: Luís Tavares)

sábado, 19 de março de 2011

"Sinais da primavera"


já era de manhã. saiu de casa, mesmo estando o céu quase cinzento de chuva.
podia ser que não chovesse, mas , se acontecesse, seria a forma de poder lavar a alma. sim, a sua avó contara-lhe que só a água da chuva o conseguia fazer e já não sentia essa pureza há tanto tempo...
por isso, pela chuva que podia vir, pelo ar fresco da manhã, pela avó, pelos campos, pelas flores que via e tinha vontade de colher, saiu.
sentiam-se já os "sinais da primavera".
respirou.

(foto: Milene Jorge)

quinta-feira, 10 de março de 2011

águas serenas...




(imagens: A morte do Bou, de San Luis // Foto de Cila)

sexta-feira, 4 de março de 2011

grandiosidade.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Retomar o caráter lúdico do blog

Costumo, às vezes, para me concentrar no trabalho que me espera, passear por este espaço, entenda-se o meu CARPE DIEM. E este espaço já teve mais actualizações. Este espaço já foi um espaço lúdico. Depois, e porque eu quis aprender mais, houve uma espécie de interregno na publicação desse tipo de postes. 
Agora que o que aprendi começa a ganhar outro tipo de consistência e me vai permitindo e exigindo outros espaços, mais especializados, por exemplo, Investigar online, myMPEL - Memória descritivaDissertando memórias, resolvi retomar aqui esse carácter lúdico. 
Claro que será sempre o meu ponto de partida para todos os outros caminhos. Será sempre a referência inicial. 
Mas estou, também, com saudades de brincar com as palavras, as cores, as imagens, os sons.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Hoje recebi uma carta...

Sim, é verdade. Hoje recebi uma carta com uma espécie de aviso... Não de recepção. Não. E foi uma carta daquelas que se usavam muito dantes: de papel.
Está bem, eu vou contar:
Ia a caminho da escola. A pé. Serão as vantagens de morar na província: basta sair de casa cinco minutos antes do toque de entrada soar. E como estava a dizer, ia a caminho da escola, quando vi uma das alunas da turma onde deveria estar a dar aulas dali a 5 minutos, no passeio, já perto da escola.Cumprimentámo-nos e eu segui. Estranhei que a aluna ali estivesse, mas como não me apercebi que quisesse explicar o que quer que fosse, continuei o meu caminho. Já teria dado aí cerca de dez passos, quando ouvi atrás de mim: "Professora..." Parei, virei-me para trás e a aluna disse: "Professora, não vou à sua aula. Estou mal disposta, mas deixei no PBX uma carta para si." 
E eu pensei: "Uma carta..."
Desejei-lhe as melhoras e continuei o meu caminho. De repente apercebi-me de que estava a sorrir. Uma carta. Realmente, quando menos esperamos, acontecem coisas destas que nos fazem sorrir. E isso é muito bom!
Essa aluna está no 7ºAno e estamos a trabalhar, entre outros conteúdos, a carta. Falámos da sua função, da tipologia e discutimos o facto de hoje em dia as pessoas raramente usarem cartas para comunicar entre si. Verificámos que na turma poucos tinham sido aqueles que já tinham escrito uma carta. E mesmo os que o fizeram, tinha sido há muito tempo.
Uma das actividades que costumo propor, quando estudamos a carta, é a troca de correspondência durante um período de tempo entre os vários alunos da turma. Formam-se pares e, depois, durante cerca de quatro semanas vão trocando correspondência. Costuma ser uma actividade que os motiva e deixa interessados, de alguma forma, pela comunicação escrita.
Hoje, eu recebi também uma carta! E há que tempos que não recebia uma carta...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Uma história fictícia do/no país dos Magalhães

Era uma vez um patrão que quis inovar. Chegou, numa manhã, ao escritório e disse: "A partir de hoje todos têm de ter Internet em casa para criarem uma conta de mail e assim passam a  estar informados, sempre que me apeteça, mesmo quando estão em casa e não estão em horário de trabalho,  sobre as ordens que eu vou dando e das coisas que eu quero que vocês vejam porque sim."
E diz um empregado: "Não quero ter Internet em casa. Mas se o Senhor me atribuir uma conta eu acedo aqui no trabalho. "
 
Respondeu o patrão: "Está calado, eu estou a fazer isto porque acho que todos querem ser informados. Com isso só estás a chatear e eu não estou para te aturar.  Para te atribuir uma conta, tinha de fazer um contrato com uma empresa para todos os empregados e eu não estou para gastar esse dinheiro nem estou para perder mais tempo contigo."
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Observação: 
Esta história é fictícia, mas baseada em factos reais. Hoje optei pelo humor.
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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Vencimento, avaliação e coisas afins

Hoje deveria fazer uma referência qualquer ao facto de já me ter sido enviado o recibo de vencimento e de ter já visto quanto é que, por mês, me passa a ser pago pelo mesmo trabalho de há um ano acrescido do facto de tudo ser mais caro. Mas porque tal referência iria trazer, provavelmente, o que de pior há em mim 'ao de cima', resolvi, para compensar, escrever um breve episódio sobre avaliação. Não será sobre a avaliação de desempenho. Pelo menos não directamente até porque muito haveria a dizer uma vez que, na mesma semana, imaginem..., tive uma reunião de trabalho sobre o assunto (ponto único).
Mas, por acaso, foi essa reunião que me fez recordar um episódio por mim vivido há uns anos, quando andava no 11º Ano. Imaginem a antiguidade dos factos!
O que é certo é que a tal reunião a que me refiro no parágrafo anterior me recordou o episódio que passo a relatar:
Durante a aula em que fazíamos, no final do ano lectivo, a auto avaliação, na disciplina de Alemão, depois de eu ter sugerido como nota o 18, proposta que foi confirmada pela professora, uma colega, no seu momento de auto avaliação, disse que o 18 devia ser-lhe atribuído a ela porque, apesar de não ter atingido esse patamar, eu não ia precisar de Alemão no 12º e ela sim. E de facto assim seria: no 12ª tive Português, Latim e Grego. Na pauta, tive 18. Da nota da colega que apareceu na pauta já não me lembro, mas na memória guardo o registo de que ninguém terá achado correcta aquela reivindicação.
A minha questão neste momento é: por que razão me terei eu lembrado deste episódio tão distante a propósito da redução do salário, da necessidade de falar disso e achar que não devo e ainda da avaliação de desempenho?