sexta-feira, 29 de junho de 2007

a mesma mansidão...









.
.
(tela: Arched-Tuscan-Remembrances, de Piet Bekaert
// foto:Claustro de la Catedral de Oviedo, de Javier Cuchí)

quinta-feira, 28 de junho de 2007

elegância.






exuberância.
.
.
(fotos de: Marina Cano)

quarta-feira, 27 de junho de 2007

acordar com esta vontade enorme de sorrir
e partilhar.
feliz. simplesmente.













(fotos de : João Espinho, Renoux e Patrick Trautfield)

_________________

O sorriso

Creio que foi o sorriso,
o sorriso foi quem bateu à porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.

Eugénio de Andrade

segunda-feira, 25 de junho de 2007

vontade de espreitar...

Charles Hardaker


.
.
.
por Hesíodo, Trabalhos e Dias, (fim do séc. VII a.C)


(...)

Agora é a raça de ferro. Nem cessam, de dia,
de ter trabalhos e aflições, nem, de noite, de serem consumidos,
pelos duros cuidados que lhes oferecem os deuses.
Mas, no entanto, algum bem será misturado aos seus males.
Zeus aniquilará também esta raça de homens dotados de voz,
quando eles, ao nascer, tiverem as fontes grisalhas.
Então o pai não será igual aos filhos, nem estes a ele,
nem o hóspede ao hospedeiro, o amigo ao amigo,
não haverá amor entre irmãos, como era antigamente.
Aos pais, logo que envelheçam, eles os desonrarão.
Insultá-los-ão com palavras duras,
malvados, que nem conhecem o castigo divino!
E aos pais já idosos não oferecerão alimento.
Não mais terá valor um juramento, a justiça,
ou o bem; honrarão antes o criminoso e o insolente.
A justiça será a violência, e a vergonha não existirá.
O mau há-de prejudicar o que é melhor do que ele,
atirando-lhe palavras tortuosas, e jurando sobre elas.

(...)

(trad. de Maria Helena da Rocha Pereira, Helade)

______________

Depois de uma leitura pelos jornais de hoje, lembrei-me desta passagem de Hesíodo, que, além de poeta, seria, provavelmente, pelo texto / actualidade, um profeta.

domingo, 24 de junho de 2007





...porque é domingo.

sábado, 23 de junho de 2007


a bruxa

era uma vez uma bruxa. era má, mesquinha e feia como todas as bruxas.
mas era feliz. as bruxas são assim.
vivia num castelo cinzento rodeada de pessoas que não sabiam que ela era bruxa. só o feiticeiro.
aliás, o feiticeiro tinha-lhe feito aquele castelo para que ela fosse feliz ali.
ele gostava dela, ainda que soubesse que ela gostava de fazer mal às pessoas; ainda que soubesse que ela gostava de ver os outros a sofrer.
ele tinha percebido há muito tempo que aquela bruxa era especial e que para a ter com ele tinha de a fazer feliz. e ela era feliz assim.
do castelo tratava ela todos os dias.
acendia as velas, limpava o pó da noite, abria as janelas e deixava entrar todas as pessoas que quisessem por ali passar.
era simpática com elas. sabia que tinha de ser, senão elas iam embora.
no entanto, sempre que tinha muita gente no castelo, deixava de ser simpática com algumas para que o castelo não ficasse muito cheio.
se houvesse muitas pessoas ela tinha de arranjar mais pessoas para acender as velas, limpar o pó da noite, abrir as janelas e deixar entrar as pessoas.
e ela não queria que isso acontecesse. por isso escolhia as pessoas com quem sabia que podia contar para estar ali.
escolhia as pessoas que ela sabia que nunca lhe iriam dizer não.
e era feliz assim.
e todas aquelas que pessoas que por ali passaram e até gostaram do castelo que o feiticeiro tinha feito, mas sabiam dizer não, acabaram sempre por partir, porque sentiram que não havia lugar para elas.
e ela, a bruxa, ficava feliz, porque era má.

essa bruxa ainda vive nesse castelo.

15 de maio de 2006

quinta-feira, 21 de junho de 2007


21 de Junho - O Verão!
É mesmo hoje?!...
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
(tela: oh happy days - Jack Vettriano)

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Só mesmo com muito sentido de humor...


Trabalhadores portugueses vão ter os aumentos reais mais baixos da OCDE até 2008
.
.
.
.
.
.
.

(foto de Jill Greenberg)

sábado, 16 de junho de 2007

E depois do Adeus (Clicar em Adeus)


quinta-feira, 14 de junho de 2007

porque há momentos em que a voz está cansada e os sons ficam presos cá dentro e as forças esmorecem, que urge a necessidade de ir com o vento. repousar nas asas de uma qualquer ave marítima que passe por ali e nos leve.
é assim...
.
.

Perguntei ao vento
Onde foi encontrar
Mago sopro encanto
Nau de vela em cruz
Nau de vela em cruz
Foi nas ondas do mar
Do mundo inteiro
Terras da perdição
Parco império mil almas...






terça-feira, 12 de junho de 2007

gargalhar...

Yue Min Jun
Daqui

E se ela (*) fizesse uma mínima ideia do que está a fazer?

(*)- ela e a União Europeia. De facto ela não passa de uma lacaia da U.E.

O sistema educativo não estava famoso, mas não precisava, Senhora Ministra da Educação, de aparecer para estragar o resto!

Vem, V/ Exa., perguntar agora o que estão 30 professores a fazer numa sala de professores?
Sabe que também me coloco (e coloquei aqui) essa questão muitas vezes? E sabe o que estão lá a fazer?
O que V/ Exa. mandou: a cumprir horário!
Não aumentou a carga horária dos docentes?
Esqueceu-se, foi?

Tal como as utilíssimas «aulas de substituição» em que V. Ex.ª coloca um professor de Matemática a substituir um de Educação Física e vice-versa.
V/ Exa. Manda e os professores obedecem! Não têm alternativa, não é verdade?

Pode, portanto, V/ Exa. orgulhar-se dos resultados obtidos!
Eles são a consequência da sua «reforma»!

Mas não se preocupe pois vão piorar! Com o escabroso Estatuto da Carreira Docente que V/ Exa. inventou, os resultados só podem evidentemente piorar! Nenhuma reforma, nunca, se conseguirá impor por decreto-lei nem contra a vontade da maioria dos envolvidos!
Os professores, obedientemente, cumprem e cumprirão sempre as suas ordens! Contrariados… muito contrariados… mas cumprirão! Não lhes pode é pedir que, apesar de tudo, as cumpram de sorriso nos lábios, felizes, contentes e totalmente envolvidos com as suas orientações! Não há milagres!
Cumprirão e ponto final! Que é o que V. Exa. quer?
Não se pode, portanto, queixar.
Continue a mandar assim e verá a tal curva de crescimento em queda absoluta.
É que não pode V/ Exa. exigir que se cumpram 35 horas de serviço na escola e se venha para casa preparar fichas de trabalho… apontamentos… actividades…estratégias… visitas de estudo… grelhas… avaliações… relatórios… currículos alternativos…programas adaptados… trabalhos em equipa… etc.… etc.… etc.•
V/ Exa. Tem família?
Saberá, porventura, o que é a dor de um pai que se vê obrigado a negligenciar a educação e o crescimento do seu próprio filho para acompanhar os filhos dos outros?
Esquece V/ Exa. Que os professores também são pais?
Também são pais, Senhora Ministra! Pais!

Que estabilidade emocional pode um professor ter se V/ Exa. resolve, 30 anos depois de Abril, impedir os professores de acompanharem os seus próprios filhos ao médico … à escola… aos ATLs?
Não têm os pais que são professores os mesmos direitos dos outros pais?

Conhecerá V/ Exa. a dor de uma mãe que se vê obrigada a abandonar o seu filho, prometendo-lhe voltar dali a uma semana?
E quer V/ Exa. motivação natural?
Com a vida familiar desfeita?
Não é do conhecimento público que os professores são os maiores clientes dos psiquiatras?
E que é entre os professores que se encontra a maior taxa de divórcios?
Porque será, Senhora Ministra?
Motivação?
Motivação, como? Se V/ Exa. obriga os professores a fazerem de auxiliares de acção Educativa?
Motivação, como? Se V/ Exa. obriga os professores a estarem na escola mesmo sem alunos? Motivação como se V/ Exa. obriga a cumprir 35 horas na Escola mesmo não tendo esta os meios essenciais para que se possa trabalhar.

Motivação, como? Se temos que pagar fotocópias, tinteiros para as impressoras da Escola…canetas… papel?
Motivação, como? Se o clima é de punição e de caça aos mais frágeis?
Motivação, como? Se lava as mãos como Pilatos e deixa tudo à deriva passando toda a responsabilidade para as escolas?

Não é função de V/ Exa. resolver os problemas?
Não seria mais produtivo trabalhar ao lado dos professores?
Motivação, como? Se de cada vez que abre a boca para as televisões fá-lo para tentar virar toda a sociedade portuguesa contra a classe?
Motivação, como? Se toda a gente percebe que o seu objectivo é dividir para esfrangalhar a classe e poupar uns cobres?
Quer lá V. Exa. saber da qualidade do Ensino para alguma coisa!.... Quer é poupar!
O que vale é que por todo o país a opinião pública – e principalmente os Pais – já se estão a aperceber disso.

Motivação, como? Se V/ Exa. tem feito de tudo para isolar os professores dos alunos, dos pais, dos Sindicatos, da sociedade em geral?•
E fica V/ Exa. admirada com os resultados?
Não eram estes os resultados que esperava obter quando tomou posse e iniciou a sua cruzada contra os professores?
A sua estratégia é a mesma daqueles professores que V/ Exa. acusa de não estarem preocupados com os resultados escolares dos seus alunos.

Sabe, Senhora Ministra da Educação?
O sucesso não depende do manual… como não depende de decretos---lei!
O sucesso depende do envolvimento que o professor consegue com os seus alunos!
Depende da capacidade de motivar! Depende da capacidade de o professor ir ao encontro dos interesses dos seus alunos.
Depende da relação professor-aluno! - a tal que V/ Exa. queria que fosse avaliada por alguém de fora da escola!
A mesma que, se fosse feita a V/ Exa., daria nota zero.

E, já agora, Sra. ministra, já que a esmagadora maioria (quase totalidade) dos seus colegas de governo são reformados – alguns 2 vezes – siga-lhes, por favor, o exemplo.
Eu não me importo de trabalhar até aos setenta se V. Exa. se reformar já - mas da política!
Pode ser?

domingo, 10 de junho de 2007

a ousadia do azul...

Cabaret I
Charles Willmott
os outros, aqueles que julgam que nos amam, por vezes, de tão seguros estarem desse sentimento, esquecem-se que há palavras sussurradas a outros que deviam ser só para nós. que há palavras que estão proibidas de ser escritas ou ditas a outros. e isso magoa-nos. e isso obriga-nos a sentir os silêncios. a desejar os silêncios. porque se gritamos essas mágoas a dúvida instala-se e corrói.

mas depois tudo passa. tudo passa sempre. até porque há certezas que são muito frágeis.
o mesmo sono inquieto...

.
.
(tela: Abandono, autor desconhecido //
foto: Rua de Santa Catarina, de Parrot)

sábado, 9 de junho de 2007

às vezes penso que os outros só existem, quando eu estou com eles. será egoísmo? (...) entretanto, a propósito, um dia, disseram-me ao ouvido que eu era um cristal.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

.
.
.
.
.
.
- não tem que enganar. segue em frente. sobe ligeiramente e logo a seguir é o fim-de-semana...
.
.
.
(foto daí...)

quinta-feira, 7 de junho de 2007

(...)
.
Que furor consentiu que a espada fina,

Que pôde sustentar o grande peso

Do furor Mauro, fosse alevantada

Contra hûa fraca dama delicada?



....................................................................Camões


__________________

Clicar nos versos.

quarta-feira, 6 de junho de 2007


.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.

...não sei se me apetece fazer isso...
.
.
.
.
.
(foto de David J., Nightingale’s Chromasia)
.

terça-feira, 5 de junho de 2007

depois dela partir

entrou. a casa era sua. os tectos, as paredes, as janelas. tudo. era ali que queria estar. sozinho. outra vez sozinho.
a morte fora um imprevisto e agora era de novo o princípio. sem ela.
por isso as paredes estavam nuas. as janelas fechadas, as portas entreabertas...apenas o espaço para ele passar.
não se queria lembrar de nada. queria o vazio. queria a solidão. queria que todos os barcos passassem por ele sem o ver.
queria que amanhã o dia fosse o de ontem.
queria que as rosas do jardim voltassem a ser colhidas.
queria que as cores dos livros que outrora estavam nas estantes voltassem a sentir o calor do sol matinal.
queria...
queria que ela estivesse ali.
de repente parou.
ainda lá estava a cadeira. a cadeira onde ela se sentava todos os dias depois de descer as escadas.
esquecera-se da cadeira.
e agora?!
ficou petrificado, agarrado às tábuas do chão como alguém que quer pedir socorro e não consegue.
parou porque também já não tinha forças para fazer mais nada.
parou porque não se quisera lembrar de pedir que lhe levassem, também, a cadeira.
parou.
chorou.
e teve saudades.
do seu sorriso; da sua voz; do movimento do corpo quando se levantava de manhã.
do perfume; das cores das roupas; das gargalhadas cristalinas..
chorou.
lembrar-se.
a cadeira estava lá.
e teve vontade de subir as escadas, correr para o quarto, deitar-se nos lençóis que ainda teriam o seu cheiro...
mas não podia.
os degraus já não estavam lá.
também os degraus tinham partido.
ele quisera assim.
quisera esquecer.
agora era apenas uma espiral. e lá em cima estava o seu sonho.
ela morreu.
e ele queria apenas descansar.

saiu de casa.



14.maio.2006

domingo, 3 de junho de 2007

e, pronto. apetece dizer bom dia, porque está calor, o sol teima em aparecer e o silêncio acontece. que seja, então, assim.