quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

nota final...
Bleu Maghreb
Sophie Dumont

CONTAGEM DECRESCENTE. FALTAM 11 DIAS.

DESPENALIZAR, por Daniel Oliveira
Dizer como li por aí nuns cartazes, que o aborto será livre antes das dez semanas é um contra-senso semântico. Se é apenas até às dez semanas e apenas quando realizado em estabelecimento de saúde autorizado, então não será livre, será legal e condicionado. Mas se o aborto não será liberalizado depois de Fevereiro, também não se limitará a deixar de ser considerado crime. Será efectuado em clínicas privadas e, espera-se, no Serviço Nacional de Saúde. Se fosse ao ponto de liberalizar o aborto ou se apenas se ficasse pela descriminalização, o Estado resolveria o problema legal. Mas não faria nada para resolver um problema de saúde pública. E continuaria sem nenhuma estratégia de planeamento familiar para as mulheres que abortam. Sobretudo para as adolescentes. Ao despenalizar o aborto quando realizado em estabelecimentos de saúde o Estado não se limita a lavar as mãos do problema. Diz que vai fazer alguma coisa para o contrariar.
Se uma vitória do 'sim' neste referendo representará mais do que uma descriminalização e menos do que uma liberalização, uma vitória do 'não' terá um único resultado: deixará a lei como está, que continuará a punir com pena de prisão até aos 3 anos a mulher que aborte. E se assumirmos que o momento exacto do começo da vida humana - ao contrário do valor da vida, indiscutível entre todas as pessoas civilizadas - está longe de ser uma questão pacífica, então entramos num debate político que ultrapassa o assunto deste referendo: até onde deve ir o Estado. Por mim, acho que os Estados democráticos só devem criminalizar uma conduta quando ela seja consensualmente condenada pela sociedade. Quando esse consenso não exista, devem deixar para cada o direito e o dever de, nas suas opções de vida, serem fiéis às suas certezas morais. E para isso ninguém precisa de uma lei.
in Expresso de 6 de Janeiro de 2007, pág. 27

uma floresta diferente


estava frio, muito frio, ninguém conseguia entrar ali: as flores estavam a murchar, os pássaros já não cantavam, os rios tinham secado e até os troncos de árvores pediam às raízes para morrer. o sofrimento era muito.

ninguém conseguia entrar ali.

há muito tempo que estavam sozinhos: sem flores, pássaros, rios e árvores frondosas. tudo começara quando as flores resolveram começar a ser vaidosas,... muito vaidosas!

depois, os pássaros acharam que não deviam encantar os habitantes daquela floresta, com a sua música. os rios, quando se aperceberam que as flores eram vaidosas e os pássaros já não cantavam, resolveram começar a passar por outras florestas mais simpáticas. então, as árvores que já não tinham as flores para conversar, os pássaros a usar os seus troncos e os rios a arrefecerem as suas raízes, começaram a sofrer. primeiro devagar e depois com muita dor. de tal maneira que andavam a pedir às raízes para secarem definitivamente. ao todo eram vinte e dois: treze flores, quatro pássaros, três árvores e dois rios.

um dia, chegou à floresta uma fada. como estava frio, com a sua varinha de condão, fez aparecer um casaco. e como era a "fada da natureza" quis saber por que razão aquela floresta estava tão fria. entrou e foi notando que as flores estavam a murchar, que os pássaros já não cantavam, que os rios tinham secado e que, até, os troncos das árvores pediam às raízes para morrer. achou aquilo tudo muito triste...e como era muito sensível começou a chorar. ora, as suas lágrimas foram regar as flores que começaram a desabrochar. e a fada continuou a chorar, porque os pássaros ainda não cantavam, nem os rios enchiam, nem os troncos das árvores deixavam de pedir às raízes para morrer. e a fada chorou tanto que, de repente, os pássaros, como as flores já estavam bonitas, começaram a cantar. e, sendo tantas as lágrimas da fada, os rios deixaram de secar, logo, os troncos das árvores já não queriam morrer...

então, a fada começou a rir. e as suas gargalhadas eram tão bonitas que todos os animais da floresta ouviram e quiseram saber o que se passava. e tudo ficou belo e maravilhoso como dantes. e, porque se sentia tão bem ali, a fada escolheu aquela florestas para ficar a morar.

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Glória e virtude
Todos os homens, que se esforçam por estar acima dos restantes seres animados, têm de esforçar-se com todo o empenho, para não passarem a vida em silêncio, como o gado, que a Natureza moldou inclinados para baixo e obedientes ao ventre. Mas a nossa força toda reside na alma e no corpo. Da alma utilizamo-nos para mandar; do corpo, para servir, de preferência. Um é comum a nós e aos deuses, o outro a nós a aos animais. Por isso me parece mais certo procurar a glória com os recursos do talento do que com os da força, e, já que a própria vida de que usufruimos é breve, fazer com que a nossa memória se torne o mais duradoura possível. Na verdade, a glória proveniente da riqueza e da beleza é passageira e frágil, ao passo que a virtude se mantém, preclara e eterna.
Salústio, Catilina, I. 1-7
(in Romana, Antologia da Cultura Latina,
Maria Helena da Rocha Pereira)
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e que gozo me dá (re)ler estes textos, agora, a uma luz diferente.
e sempre com a certeza de que o caminho que escolho todos os dias está iluminado. que seja ousadia, para uns, arrogância, para outros, que seja a alma ou que seja o corpo.
é breve a presença se a voz se calar.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

a âncora segura, não prende...
Âncora
Rui Cambraia

NÃO SE DEVIA DIZER, MAS...

“Ontem estava uma fila para entregar o IRS!...”

Pois é, hoje em dia, poucas são as pessoas que vão em bicha ( de carro) para o trabalho; que aguardam na bicha pela sua vez ou fazem bicha para entrar no cinema.

Está na moda substituir o vocábulo bicha por fila. Assim, vai-se em fila para o trabalho; aguarda-se na fila pela vez e faz-se fila para entrar no cinema.

Afinal, qual é a utilização adequada?

Vejamos o que nos dizem os entendidos:

•“bicha (...) 7. Fila de pessoas que esperam umas atrás das outras a sua vez, para entrar num meio de transporte; para serem atendidas...Havia bicha para os bilhetes à porta do cinema. A bicha para pagar o imposto dava a volta ao quarteirão. Entrar na bicha; ir para a bicha; pôr-se na bicha; aguardar na bicha; fazer bicha.”

(in Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea,
Academia das Ciências de Lisboa, Verbo, pp. 524, 525)

•”A propósito do que escrevi sobre estas palavras em Abril último, O Ponney, de Coimbra, de 6 de Maio, apresentou um curioso comentário que intitulou Eufemismos...

Devo esta informação ao Senhor José Querido, de Coimbra, a quem cordialmente agradeço tal gentileza.
Segundo o colaborador do referido periódico, a bicha (no sentido de «alinhamento de pessoas») está a ceder o seu lugar a fila na verdade por influência brasileira, pelo facto de nos dois países de Língua Portuguesa bicha ser sinónimo de homossexual. Entre nós tal sentido tem, como se admite n’O Ponney, também origem brasileira. Resta averiguar se em Portugal bicha («homossexual») resulta de antiga criação local ou se chegou por via brasileira. Julgo que sim, pois não me lembro de ouvir por cá tal acepção décadas atrás.”
(in Diário de Notícias, José Pedro Machado)

Se prestarmos atenção às palavras de José Pedro Machado, não faz sentido algum substituir a palavra bicha por fila.
Aliás, para quem gosta mesmo destas coisas das palavras, dos seus sons e sentidos, torce o nariz à fila de pessoas para pagar as compras... É demasiado snob...
Assim, a frase em epígrafe deveria ser dita da seguinte forma:
“Ontem estava uma bicha para entregar o IRS!...”


Pela leitura dos relatórios do Google Analytics, descobri que o sei lá... teve uma visita de Vilnius.

Nunca ouvira falar...

Pesquisei, então. E descobri que é uma cidade situada num vale formado pelo rio Viliya e rodeado quase completamente por montanhas arborizadas, na Lituânia.

Parece um lugar aprazível.


os olhares dos outros sobre nós podem ser devastadores. inquirem. são lancinantes. transformam o nosso mundo em vazios quase sempre cinzentos. querem de nós o que nunca soubemos dar e não queremos ter. as cores perdem-se nesse assalto mudo e o sono invade a vontade de viver.

dormir.fechar os olhos para não sentir o que nos exigem nem desejamos nem apreciamos...
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(fotos de Diafragma, Lafuente e Ferdinand)
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- Se pudesse acreditar, disse Rhoda, que a minha vida se passava em procuras e mudanças, ficaria livre do medo de que nada dure. Um momento não nos prepara para o momento seguinte. A porta abre-se e o tigre salta. Não me viram entrar. Fiz mil desvios entre as cadeiras para evitar o horror dum encontro brusco. Tenho medo de vocês. Tenho medo do choque das sensações pois não posso colhê-las como vocês fazem, não sou capaz de fundir o momento presente com o que vem a seguir. Para mim todos os movimentos são violentos e isolados. E se sucumbisse ao choque do instante, lançar-se-iam sobre mim para me despedaçar. Não tenho nenhum objectivo. Não consigo enfiar uns nos outros os minutos e as horas, dissolvendo-os por um processo simples, de modo a que formem essa massa indivisível a que vocês chamam vida. Porque, ao contrário de mim, vocês têm um objectivo, uma pessoa ao lado de quem se sentar, ou talvez uma ideia, ou a própria beleza... Não sei. Mas assim as horas e os dias passam como os ramos das árvores, passam como o suave verde do bosque diante do cão que corre atrás da sua presa. Mas para mim não existe nenhuma presa, um corpo que me incite a procurá-lo. E não tenho rosto. Sou como a espuma que desliza sobre a praia ou o luar que cai ao acaso sobre uma lata, os picos do cardo marinho, um osso, ou um barco meio carcomido. Um torvelinho arrasta-me para o fundo das cavernas, flutuo como um pedaço de papel ao longo de infindáveis corredores e tenho de apoiar a mão na parede para poder voltar atrás.

(in As Ondas, de Virginia Woolf,
Relógio d'Água, pp. 104-105)

domingo, 28 de janeiro de 2007

nota final...
Flores silvestres
Sérgio Veludo
a mesma frugalidade...





(tela: basket of bread, de Dali //
foto: The kitchen, 1993, de Haruto Maeda)



EÇA DE QUEIRÓSESCRITOR POLIFACETADO

“-Ó deusa, o irreparável e supremo mal está na tua perfeição!
Estas são as últimas palavras que Ulisses profere, quando parte da ilha de Ogígia. A deusa é Calipso, deusa radiosa que durante sete anos manteve Ulisses cativo na sua ilha perfeita.
Num texto pleno de beleza e imagens fulgurantes - "A Perfeição" - , Eça surpreende-nos com um Ulisses excessivamente humano e mortal.
O homem dos mil artifícios, nesta versão de Eça de Queirós, liberta-se do mundo da “serenidade sublime” (a ilha de Calipso) que o impede de viver a sua vida e foge ansiosamente “para a delícia das coisas imperfeitas” – a esposa, Penélope, o filho, Telémaco e a sua ilha, Ítaca.
Curiosamente, o título deste conto de Eça, sendo “A Perfeição”, tendo como personagem principal um dos heróis mais perfeitos da literatura, trata, afinal, da condição humana.
Todos somos homens e mulheres, seres pensantes e plenos de emoções que querem sempre mais. A busca da perfeição por vezes confunde-se com a busca da felicidade. Quantos não têm medo de dizer que são felizes, temendo desafiar a ira dos deuses??...E, afinal, quantas vezes não somos já felizes e o que queremos é a perfeição que nunca conseguiremos alcançar...Sendo humano errar, torna-se impossível atingir o BEM supremo. Mas é possível ser e estar feliz, isto se soubermos (re)conhecer a nossa condição humana.
É esta uma das mensagens possíveis deste conto.
E Eça de Queirós quem foi? Começa a ser, para alguns, um desconhecido; para outros o “terror” d’Os Maias; para os alunos do 9º Ano outro autor que aprendem a ler.
Durante a leitura de “A Perfeição”, os alunos vão, paulatinamente, aderindo às palavras, aos sentidos. E ainda que muitos dos vocábulos sejam desconhecidos, o que é certo é que, no final, percebem a mensagem.
Provavelmente, quando tiverem de estudar Os Maias, no Ensino Secundário, estarão, à partida, receptivos à sua leitura. Tratando-se o seu autor do criador daquela história que leram no 9º ano, em que um homem prefere a mulher imperfeita e mortal à deusa cheia de virtudes, a motivação será mais fácil, certamente...
Autor dos mais variados caracteres, Eça de Queirós idealizou sempre um Portugal melhor e mais universal, sendo os seus romances profundamente críticos. A sua própria ironia, extremamente fina e amarga, mais não foi do que a expressão de um sentimento patriótico lúcido e profundo. É um facto que a nossa ficção atingiu com Eça de Queirós “um indiscutível universalismo”, isto “em pleno período realista e naturalista”.
José Maria de Eça de Queirós nasceu a 25 de Novembro de 1845, na Póvoa de Varzim. Filho bastardo de um magistrado e homem de letras, José Maria de Almeida Teixeira de Queirós, só quatro anos após o nascimento é que o pai casa com a mulher que o dera à luz. Estudou como interno num colégio de Porto, o Colégio da Lapa, dirigido pelo pai de Ramalho Ortigão, que o iniciou nas leituras de Garrett.
Em 1861, partiu para Coimbra, aí se formando em Direito em 1866. Em Coimbra conheceu Antero de Quental e outros que viriam a formar a chamada Geração de 70 (A partir de 1860, a geração dos estudantes de Coimbra revoltou-se para mostrar a inconformidade das suas ideias com os valores oficiais da sociedade em que vivia).
Publicou o primeiro texto, “Notas Marginais”, em Março de 1866, na Gazeta de Portugal. Ainda em 1866, Eça instalou-se em Lisboa, na casa paterna, criando o Grupo do Cenáculo (Grupo formado por alguns escritores e intelectuais pertencentes à chamada geração de 1865, que se reuniam em Lisboa, passados anos dos seus estudos em Coimbra).
Fundou e dirigiu um jornal da oposição, em Évora – O Distrito de Évora.
Viajou até ao Egipto e de regresso colaborou nas Conferências do Casino (Episódio que contribuiu para o aparecimento do Realismo em Portugal, tendo-se realizado em 1871).
Entre Julho de 1870 e Julho de 1871 foi administrador do concelho de Leiria.
Em Novembro de 1872, partiu para Havana como cônsul, daí seguindo em missão para os Estados Unidos.
Em Novembro de 1874 foi transferido para o consulado de Newcastle, em Inglaterra. Por fim foi nomeado cônsul em Paris, em 1888, aí permanecendo até à sua morte, ocorrida a 16 de Agosto de 1900.
Sobre a sua obra, múltipla e variada, concentrando-se sobretudo no romance, diz-nos Carlos Reis, Professor de Literatura da Faculdade de Letras e estudioso de Eça: “...uma visão de conjunto da obra de Eça de Queirós revela-nos, antes de mais, um escritor polifacetado, porque responsável por uma produção literária que pode ser distribuída por três sectores: há um Eça romântico (o das Prosas Bárbaras (1866-1867) e o da primeira versão do Crime do Padre Amaro (1875)); há, depois, um Eça progressivamente atraído pelos valores do Naturalismo (na segunda e terceira versões do Crime do Padre Amaro (1876 e 1880) e no Primo Basílio (1878); há, finalmente, um Eça ecléctico, isto é, aberto a várias tendências estéticas e sobretudo não enquadrado de modo rigoroso em qualquer corrente literária específica (O Mandarim (1880), A Relíquia (1887), Os Maias (1888) e a A Cidade e as serras (1889).
E, como a melhor maneira de conhecer um escritor é lê-lo, aqui ficam algumas das palavras que nos deixou a propósito da discussão de um orçamento..., sublinhe-se que a transcrição remonta a 1867...
Começou na câmara a discussão do orçamento: tanto tempo protraída, tanto tempo reclamada, saiu por fim para a arena a sofrer o exame minucioso dos discretos e dos experientes. Reconheceu-se mais que nunca que a fazenda estava desorganizada. A questão da fazenda é realmente aquela cuja solução mais interessa, porque nela vão os destinos deste país: questão agrícola, questão industrial, questão de funcionalismo, questão de exército; tudo mais ou menos prende às questões do orçamento. Discutir o orçamento é revolver quase todo o sistema de reformas sensatas que pedem as nossas instituições. Há muito que as dificuldades financeiras pesam sobre este país, como uma fatalidade desorganizadora que ora entorpece um movimento, ora inutiliza uma acção profunda, ora inabilita um progresso.” (in prosas esquecidas IV polémica / 1867, pág. 41)

sábado, 27 de janeiro de 2007

nota final...
nó na garganta
Rosiane
Palavras que me fazem pensar...

“A experiência dos mais velhos pode ser importante, sobretudo se houver diálogo com os mais novos.”
“A experiência dos mais velhos pode ser importante, sobretudo se houver diálogo com os mais novos” porque assim os mais novos também podem aprender coisas novas e muitas vezes ouvir histórias de aventuras, de alegrias e muitas vezes tristezas. Há pessoas mais velhas que são muito sábias e que muitas vezes para um problema têm sempre uma solução. Por vezes, os mais novos tratam os mais velhos como lixo, mas isso não pode ser assim, porque eles merecem muito carinho e devem ser sempre ajudados pelos mais novos.
Diana Perluxo

Por vezes devemos seguir a experiência dos mais velhos porque assim é uma forma de aprendermos a lidar com a vida. Mas claro que, quando nos aparecem certos problemas, devemos resolvê-los por nós, porque assim mostramos que sabemos fazer as coisas que eles (os mais velhos) nos ensinaram. Existem pessoas que dizem que os pais já não servem para nada, eu, por exemplo, não sou dessa opinião porque, afinal, foram eles que nos ensinaram a viver, porque eles também já viveram o que nós estamos agora a viver, mas não quer dizer que se tenham de “meter” em tudo... Nós também temos de aprender com os nossos erros e eles têm de aceitar isso.

Fábio Feijão

“A experiência dos mais velhos pode ser importante, sobretudo se houver diálogo com os mais novos” porque com a idade se vai aprendendo muita coisa e como se costuma dizer “cada ruga, uma experiência de vida!!”qualquer pessoa deve pedir sempre conselhos às pessoas mais velhas, não quer dizer que se siga sempre aquilo que essa/s pessoa/s disser/em, mas é sempre bom ouvir pessoas com mais experiência. Ajuda a tomar uma decisão mais acertada.
Sofia Vicente

Para nós podermos aprender aquilo que não sabemos, temos que ouvir os mais velhos. Nós erramos, errar é humano, e é ouvindo os mais velhos que podemos corrigir muitos dos nossos erros. Por exemplo, eu fiz algo que não devia ter feito, então os meus irmãos mais velhos disseram-me o que é que eu tinha feito mal e porquê. E ensinaram-me, ainda, a evitar esse erro.
Andreia Antunes

O diálogo é muito importante no crescimento de um jovem e ouvir os conselhos dos mais velhos ainda é mais importante, porque os mais velhos têm mais experiência, mas às vezes is jovens nem sempre “levam a bem” os conselhos dos pais, ou das outras pessoas mais velhas. Mas é assim, há poucas pessoas que compreendam os jovens e, por isso, às vezes, há desentendimentos entre filhos e pais.
Ana Marta Pereira

Se os pais e os avós derem conselhos importantes e “decentes” talvez seja bom dialogarem connosco...mas se eles não derem e não dialogarem e se estiveram sempre a pensar em nós e nas coisas de mal que nós, se calhar, poderemos fazer, vai ser muito pior para os dois lados, tanto para os pais como para os filhos. Por isso, se eles derem conselhos experientes e importantes, o nosso futuro vai ser melhor.
Maria Antunes

“Os mais velhos estão ultrapassados.”
“Cotas”
Nós, adolescentes, temos a “mania” de dizer que os mais velhos são os nossos “cotas”, principalmente, quando nos referimos aos nossos pais. Dizemos que estão ultrapassados, que já não percebem nada da nova geração, mas não é bem assim...eles também já foram adolescente, também já fizeram brincadeiras talvez mais tímidas ou, quiçá, até mais atrevidas...por isso é que nós temos de perceber que não somos melhores que eles. Embora os tempos tenham mudado, nós somos da mesma espécie, não fazemos coisas assim tão distintas uns dos outros. Logo, faço aqui um apelo a mim própria e aos outros adolescentes: DEVEMOS TRATAR COM RESPEITO A SABEDORIA DOS NOSSOS...”COTAS”.
Katarina Góis

Devemos respeitar os mais velhos, mas não obedecer a tudo o que eles dizem. Eles estão quase sempre a dizer mal de nós, pensam que somos todos maus. Quando estamos a falar com eles, falam repetidamente no seu passado e das coisas que já aconteceram há mais de 40 anos...Coisas que na maioria das vezes não nos interessam para nada, até porque nem éramos nascidos!...
Diogo Fidalgo

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No Ano Lectivo de 2003/04 propus, num teste de Língua Portuguesa do 8º Ano, aos alunos que escrevessem sobre a sua relação com os mais velhos.
Os textos em cima são alguns exemplos.



Just a perfect day,
Drink Sangria in the park,
And then later, when it gets dark,
We go home.
Just a perfect day,
Feed animals in the zoo
Then later, a movie, too,
And then home.
Oh it's such a perfect day,
I'm glad I spent it with you.
Oh such a perfect day,
You just keep me hanging on,
You just keep me hanging on.



Just a perfect day,
Problems all left alone,
Weekenders on our own.
It's such fun.

Just a perfect day,
You made me forget myself.
I thought I was someone else,
Someone good.


Oh it's such a perfect day,
I'm glad I spent it with you.
Oh such a perfect day,
You just keep me hanging on,
You just keep me hanging on.
You're going to reap just what you sow,
You're going to reap just what you sow,
You're going to reap just what you sow,
You're going to reap just what you sow...
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.
(letra: Perfect Day, de Lou Reed //
imagens: 1ª - Estava à tua espera, de Rúben;
restantes - da net, via google)


INFORMAÇÃO DO GAVE N.º 101/06, sobre a PROVA DE EXAME NACIONAL DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA 2007.







TEXTO INTEGRAL / notícia
à espera do pequeno-almoço. bom dia!
.
.
(foto: lucky brocade table,
de Jill Henrietta Davis)

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

não há certeza maior do que aquela que nasce da confiança nos outros.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

olhares similares...




(imagens: Cinderela, de Nana Sousa Dias //
Juventud y Decadencia, de Tony Heath)

dar flores. receber flores. gastar flores. perder flores. encontrar flores. ouvir as flores...
de manhã, quando acordei, as flores que me tinhas dado, todos os dias, haviam ficado esquecidas, na jarra, sem água.
agora secas.
agora vazias.
das suas cores vivas apenas a memória.
.
.
(imagens: telas de Isabel Cristina Lamas)
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(...) O melhor é ires jantar num lugar tranquilo, ocupares-te mentalmente imaginando, erradamente, a vida pobre do empregado que te serve, pagares a conta e partires. Nem te perguntes sequer se vais conseguir. Tu não vais conseguir.
Se quiseres espreita só dentro de ti. Lá está ela a olhar-te e logo a fugir com os olhos de asas a bater. E tu, encantado, a passeares num canto do seu sorriso. Mesmo a tocares-lhe no cabelo desfeito, a agarrares-lhe no crânio. E no resto da memória chegam murmúrios que se guardam sem palavras. Não queiras mais. Mesmo que quisesses o que saberias? Guarda-a dentro de ti ciente de toda a inutilidade que nisso há.
Se quiseres podes telefonar, mas só de vez em quando. Ela não vê a cara que tens e podes controlar melhor a tua voz. Manda-lhe flores, estrelícias e antúrios em particular, mas não mandes mensagens. Deixa de existir. Porque não interessa o que dizes. Interessa só que queiras dizer alguma coisa e que essa alguma coisa não tem importância alguma. Não tentes explicar, diz que estás doente, diz que é verdade. Faz de conta que não sabes. Não sejas injusto e sobretudo tem piedade de ti.
(in "Paula", A Noiva Judia, de Pedro Paixão)

domingo, 21 de janeiro de 2007

nota final...
Silver
António Abagorro
NÃO SE DEVIA ESCREVER, MAS...

É frequente, em textos manuscritos, aquando da escrita de erros ortográficos, dando-se por eles, recorrer-se ao uso de parêntesis para encobrir os mesmos.

Está errado.
Essa prática resulta de uma inadequada informação sobre o uso desse sinal de pontuação - o parêntese.

Vejamos, então, por que razão não está correcto colocar os erros entre parêntesis.

parêntese s.m 1. Duplo sinal gráfico que delimita uma frase ou frases intercaladas ou suprimidas, transcrições fonéticas, indicações bibliográficas no interior de um texto…2. Frase ou episódio acessório num discurso. 3. Duplo sinal gráfico utilizado para indicar que, numa citação, se introduziu uma palavra ou palavras para lhe clarificar ou completar o sentido. 4. Duplo sinal gráfico que, associado às reticências, indica a supressão de uma parte do discurso numa citação. 5. Teat. Duplo sinal utilizado para isolar as indicações cénicas numa peça de teatro. 6. Duplo sinal gráfico utilizado par isolar constituintes de uma frase. 7. Duplo sinal gráfico que indica numa edição crítica , os elementos que devem ser introduzidos ou eliminados do texto.” , in Dicionário Da Língua Portuguesa Contemporânea, Academia das Ciências de Lisboa.

Deverá ser suficiente a leitura destes sinónimos para perceber que não é correcto utilizar os parênteses para guardar erros, isto é, dentro dos parênteses devemos escrever informações que, não sendo essenciais para a compreensão do texto, nos podem, no entanto, facilitar a sua compreensão.

Já agora uma palavra sobre o uso de corrector. Ainda que possa tornar o trabalho esteticamente mais apresentável…dificulta, no entanto, a correcção do erro.
É com os erros que aprendemos!




um momento de ternura...
Hoje vamos falar de alguém que nos deixou há relativamente pouco tempo, alguém que levou consigo a magia das palavras ditas, mas que nos legou as suas palavras escritas: Sophia, “aquela que nos devolve a capacidade de nos maravilharmos, de recusarmos o que é fácil, abrindo-nos horizontes de descoberta e de identidade. Tanta coisa escreveu que nos ficou no ouvido, na alma, no nosso modo de ser com o mundo e a vida.” (Maria Teresa Dias Furtado).

Não iremos contar a história da sua vida, nem traçar o seu perfil…Trata-se tão somente de um breve apontamento.

Sophia deixou “a terrena realidade a 2 de Julho de 2004” e por isso, numa altura em que o mundo clama por humanidade faz todo o sentido que estas palavras aqui fiquem, ela que “sendo”, nas palavras de Mário Cláudio, "uma pessoa irónica e com extremo sentido de humor (…) tinha um profundo sentido de humanidade”.

É, então, dessa Sophia que nós hoje falamos: a Sophia que nos deixou frases lapidares e sobre quem tanta gente escreve.
Poderá parecer um trabalho algo enfadonho…mas não haverá, certamente, melhor maneira de recordar alguém que poderia ou deveria ter sido agraciada, como é opinião de tantos, com o prémio Nobel da Literatura. Segundo Mário Cláudio essa atribuição seria mesmo “óbvia”…
Outros assim não quiseram pensar ou sentir.
Afinal esta voz, cantou durante 55 anos…
É sem dúvida “um nome maior da poesia de língua portuguesa deste século – para não dizer simplesmente um dos nossos grandes poetas de sempre, ou um grande poeta do nosso tempo, em qualquer língua ou lugar” (in JL- Jornal de Letras, 16 de Junho de 1999).

E sobre o fascínio da sua voz, aqui fica o registo de um episódio passado com Alice Vieira, escritora que, “infelizmente” só a conheceu nos livros. “Há cerca de 30 anos, Gulbenkian, a propósito dos festejos do dia do livro infantil, uma série de escritores aborrecia a minha filha com as suas histórias de pintainhos. Quando já nada mais era tolerável, chegou Sophia e contou-lhe outra história. Sei que a minha filha não percebeu nada do que disse, mas a sua voz e a entoação únicas conquistaram-na.” (…) “Tinha uma voz incomparável. Mágica. E calou-se. Mas está dentro de todos nós”.

Palavras como as que se seguem e que são da autoria dessa voz, e que devem ser guardadas e lembradas tantas vezes quantas a nossa memória consiga:

-“O Poema é o selo da aliança do homem com as coisas”;
-“Quem escreve sobre uma árvore entra em ligação com ela”;
-“O Poema não fala de uma vida ideal mas de uma vida concreta”;
-“A poesia não se explica, a poesia implica”.

E é isso mesmo. Se a poesia é o selo, se a poesia fala da vida concreta o que haverá para explicar?!!!!!....Por isso mesmo, talvez as palavras mais bonitas e serenas que li a propósito de Sophia, na onda de homenagens que surgiu após a sua morte, tenham sido as de Mia Couto:

“…ela não escrevia poesia, mas era a própria poesia.”

E nunca é de mais recordar as seguintes palavras que nos levam a nós, principalmente aos adultos, para um mundo que insistentemente teimamos em confundir, mas que aqui está tão claro:

Há duas espécies de fadas: as fadas boas e as fadas más. As fadas boas fazem coisas boas e as fadas más fazem coisas más.As fadas boas regam as flores com orvalho. Acendem o lume dos velhos, seguram pelo bibe as crianças que vão cair ao rio, encantam os jardins, dançam no ar, inventam sonhos e, à noite, põem moedas de oiro dentro dos sapatos dos pobres.As fadas más fazem secar as fontes, apagam a fogueira, rasgam a roupa que está a secar, desencantam os jardins, arreliam as crianças, atormentam os animais e roubam o dinheiro dos pobres.Quando uma fada boa vê uma árvore morta, com os ramos secos e sem folhas, toca-lhe com a sua varinha de condão e no mesmo instante a árvore cobre-se de folhas, de flores, de frutos e de pássaros a cantar.Quando uma fada má vê uma árvore cheia de folhas, de flores e de pássaros a cantar, toca-lhe com a sua varinha mágica do mau fado, e no mesmo instante um vento gelado arranca as folhas, os frutos apodrecem, as flores murcham e os pássaros caem mortos no chão” (in A Fada Oriana)

Neste capítulo inicial de um dos contos de Sophia seria fácil, demasiado fácil…, explicar por que razão José Saramago diz que a escrita de Sophia é “Assombrosa”, esclarecendo que era uma “escritora que conseguia purificar a palavra como se a tivesse acabado de inventar.”


sábado, 20 de janeiro de 2007

Histórias que nos fazem pensar...


Menina dos pés grandes

Era uma vez uma menina muito bonita, mas tinha um problema muito grande: tinha os pés tão grandes que às vezes tropeçava neles. Não se sabe ao certo onde ela vivia, mas pensa-se que era em Marte, num reino muito estranho.
Ela vivia muito triste e andava sempre a “choramingar” pelos cantos, porque todos gozavam com ela por ter os pés grandes. Até lhe chamavam a “Princesa dos Pés Grandes”!
Um dia ela fartou-se da situação e pediu aos pais que fossem com ela a uma espécie de médico. Lá foram na sua nave espacial. Chegaram e explicaram ao espécie de médico que ela estava triste porque tinha os pés grandes e porque todos gozavam com ela.
O médico, depois duma longa conversa, explicou-lhe que todas as pessoas tinham alguns defeitos corporais: uns queixavam-se do nariz grande, outros dos olhos tortos...
A menina viu que o médico tinha razão e regressou a casa mais descansada.
A partir daquele dia ela deixou de se importar, quando lhe falavam nos seus pés grandes, até porque essas pessoas também tinham algum “defeito”. Então, um dia, os seus amigos foram falar com ela e pediram-lhe desculpas.



O Menino Perfeito

Era uma vez um menino que se chamava Pedro e que se achava perfeito. Ela era organizado e muito estudioso.
Um dia os pais tiveram de fazer uma longa viagem e o Pedro foi viver com o tio João. O tio João colocou-o numa escola muito diferente daquela em que o menino andava.
Os meninos da escola nova achavam-no diferente por ele ser tão calado e sério. Assim, o Pedro ficava sempre sozinho no recreio e nunca se juntava aos seus colegas.
Um dia, durante o intervalo, o Pedro foi ver os colegas a jogar à bola. Os rapazes estavam a formar as equipas e repararam que estavam desequilibradas porque faltava um jogador numa das equipas. Então os rapazes convidaram o Pedro a fazer parte duma das equipas. Ele aceitou, mas, cada vez que tocava na bola, tropeçava na bola e mesmo à frente da baliza não conseguia marcar golo.
No final do jogo, o Pedro apercebeu-se que, afinal, não sabia jogar à bola e ficou muito triste porque, assim, já não era um menino perfeito.
Os colegas viram-no muito infeliz e foram saber o que se passava. O Pedro disse-lhes que já não era especial, porque não sabia jogar à bola. Os colegas, então, explicaram-lhe que ninguém era completamente perfeito. As pessoas podiam ser boas numas coisas e más noutros. O Pedro animou-se.
A partir dessa altura, começou a falar com toda a gente e até aceitava receber explicações dos seus colegas.

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Os textos foram produzidos por dois jovens (uma rapariga e um rapaz) que frequentavam o 7º ano (ano lectivo de 2004/05), no âmbito da disciplina de língua portuguesa.
Fechaste as portas do teu mundo Na esperança de ele se encontrar Vais contando o tempo quase ao segundo Parece não querer passar Fazes de conta que está tudo bem E andas às voltas quando estás a sós

Gritos mudos que só tu entendes No profundo silêncio que é a tua voz


Não precisas de te esconder Ninguém vai encontrar O que está escrito na tua pele Só tu para o decifrar

Qual o teu traço a pincel
A história da tua vida Escrita, sentida, tatuada na pele Quem lá escreveu Com a tua permissão Nem sequer, nem sequer percebeu

E perdeu a folha pele Por entre as mãos Qual o teu traço a pincel A história da tua vida

Escrita, sentida, tatuada na pele Quem lá, quem lá escreveu Com a tua permissão Nem sequer, nem sequer percebeu E perdeu a folha pele Por entre as mãos.

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(letra: Pele, de Polo Norte // fotos de diafragma)

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

ironia muito requintada...

parece que, de acordo com
o Senhor cónego Tarcísio Alves*, pároco há cinco anos em Castelo de Vide, a partir do dia 11 de Fevereiro eu estarei automaticamente excomunhada, não podendo casar, por exemplo...
e de repente, apeteceu-me um casamento. daqueles com direito a tudo.
o vestido já está escolhido.



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*via Cristina

- já é sexta!


(foto de Marina Cano)

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

nota final...

Babe in arms
David J. Nightingale