quinta-feira, 24 de agosto de 2006

(foto: à espreita de DIAFRAGMA)
àquela hora
teve vergonha. foi para dentro. era uma menina. olhos e cabelos pretos, nariz arrebitado, franzina. todos os dias, àquela hora, vinha regar as plantas.
naquele dia ainda tinha de ir a casa da avó...e aqueles senhores agora, ali, com uma máquina esquisita apontada para ela.
que disparate de tempo perdido. que estariam eles a fazer ali?!... - perguntava em silêncio.
àquela hora não estava ninguém em casa. todos tinham ido trabalhar. só ela ali ficava. e a avó já devia estar à sua espera, mas ainda tinha de acabar de regar as plantas.
espreitou de novo. já se tinham ido embora. estavam mesmo ao fundo da rua, quase a desaparecer.
deitou, então, a água nas plantas, afagou-as com os seus deditos delicados e, fazendo aquele trejeito com o nariz que lhe era tão peculiar, foi buscar a cesta onde estava o lanche da avó. gostava de ir ver a avó. contava-lhe sempre histórias. daquelas que já não vinham nos livros.
desceu as escadas entoando a música da canção que ouvira nessa manhã na rádio. era bonita. tinha gostado.

6 comentários:

wind disse...

A foto de Diafragma é linddíssima.
A minha avó também me contava histórias que não vinham nos livros, era do tempo do rei D. Carlos, da 1ª República, dos maçons...
Também eu gostava (e continuo a gostar) de música.
Estava a ler e parecia-me estar a ler uma composição de um aluno do 4º ano, do tempo em que ainda dava aulas. (Estou agora em trabalho administrativo).
Cheguei ao fim e soube-me a pouco.
Fiz um comentário enorme, com frases curtas.
Stop:)

Rosalina Simão Nunes disse...

eu gosto 'destas' histórias assim. em que chegamos ao fim com vontade de continuar...

quanto ao "aluno do 4º ano"...pois. é o que eu digo, não sei o que fazem durante o 5º e 0 6º, porque, quando chegam ao 7º, a maioria nem uma frase escrevem. enfim.

Unknown disse...

Achei singular a ‘meninice’ do recato da menina, como singular achei o "nariz arrebitado....fazendo aquele trejeito com o nariz que lhe era tão peculiar..."
Resta a pena (leve mas verdadeira) de ficar suspenso de uma história que um dia, estou certo, terá o seu epílogo.

Continua. Para mim és um bálsamo para o espírito.

bjs e uma boa noite

Alien8 disse...

Um capuchinho vermelho a fugir aos paparazis :))

Rosalina Simão Nunes disse...

um sorriso bonito para ti, claudynius.

Rosalina Simão Nunes disse...

gostei da ideia, alien8. :p:p