segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007


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NÃO SE DEVIA DIZER, MAS...


A maior parte deles já não vai à fábrica!, Bernardo Santareno


Há quem, eventualmente, discuta se a frase acima transcrita estará ou não correcta.

Para muitos, provavelmente, dever-se-ia dizer: A maior parte deles já não vão à fábrica, devendo por isso considerar-se errada a frase de Bernardo Santareno.


No entanto, temos de aceitar como certas ambas as frases.

De acordo com Celso Cunha e Luís Lindley Cintra (in Nova Gramática do Português Contemporâneo, pág. 496), “Quando o sujeito é constituído por uma expressão partitiva (como: parte de, uma porção de, o grosso de, o resto de, metade de e equivalentes) e um substantivo ou pronome no plural, o verbo pode ir para o singular ou para o plural.”

Ainda na opinião dos mesmos linguistas, cada uma das possibilidades (a maior parte deles já não vai à fábrica ou a maior parte deles já não vão à fábrica) traduz diferentes matizes: “Deixamos o verbo no singular quando queremos destacar o conjunto como unidade. Levamos o verbo para o plural para evidenciarmos os vários elementos que compõem o todo.”

Também se deve aceitar como correcto, quer a utilização do singular, quer do plural, quando o relativo que “vem antecedido das expressões um dos, uma das (+ substantivo)”.Nestes casos o verbo “vai para a 3ª pessoa do plural ou, mais raramente, para a 3ª pessoa do singular (in Nova gramática do Português Contemporâneo, pág. 498).
Exemplos:“És um dos raros homens que têm o mundo nas mãos.” (Augusto Abeleira); ...era aí mesmo um dos primeiros homens doutos que escrevia em português sem mácula.”(Camilo Castelo Branco)

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