segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007






a minha liberdade perde-se na tua.

sempre. os dias. as horas. as esperas. as vontades.

e a noite que chega e, cansada, adormece nos teus braços, esquecidos de mim.

assim.


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- Mas aqui, neste momento, estamos juntos, disse Bernard. Reunimo-nos neste instante e neste local. Fomos atraídos por qualquer profunda emoção comum. Será correcto chamar-lhe amor? Devemos chamar-lhe amor a Percivel, porque Percivel vai partir para a Índia?

- Não, a palavra é demasiado pequena, demasiado particular. Uma tão pequena etiqueta não pode cobrir a extensão dos nossos sentimentos. Viemos do Norte e do Sul, da quinta de Susan e da casa comercial de Louis, para realizar qualquer coisa que nada tem de perdurável (mas o que é afinal perdurável?), que é apenas visível para nós durante este momento em que as nossas vidas se confundem. Há um cravo vermelho nesta jarra. Enquanto aqui estivemos à espera era uma simples flor.

Mas agora é uma flor heptagonal, uma flor de mil pétalas, vermelha, acastanhada, sombreada de roxo, uma flor com rígidas folhas de prata. E a esta flor total cada um dos nossos olhares acrescenta um atributo.

de Virgina Woolf, in As Ondas,
pág. 102, Relógio d'Água