sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Amada, não ames demasiado tempo;
Eu amei tanto, tanto
E fui passando de moda
Como uma velha canção.


Ao longo desses anos da nossa juventude
Não podíamos distinguir
O nosso pensamento do pensamento alheio
Porque tão unidos éramos apenas um.


Mas em breve, breve instante ela mudou -
Oh, não ames demasiado tempo
Ou irás passando de moda
Como uma velha canção.


(in Uma Antologia, W.B. Yeats,
pág. 47, Assírio & Alvim, 1996)
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talvez ousadia...talvez...
mas depois de Yeats apeteceram-me estes verso de Catulo (séc. I A.C.):
Vivamos, minha Lésbia, e amemos,
e os murmúrios dos velhos mais severos
dêmos-lhes a todos o valor de um centavo!
Os sóis podem extinguir-se e voltar:
mas nós, uma vez que se extingue a breve luz do dia,
temos de dormir uma só noite, para sempre.
Dá-me mil beijos, depois um cento,
e mais mil, depois outro cento,
depois outros mil, e mais cem.
Em seguida, quando juntarmos muitos milhares,
misturamo-los, para que não saibamos
ou nenhum malvado possa invejar-nos,
quando souber que os beijos foram tantos.
(trad. de Maria Helena da Rocha Pereira,
in Romana, pp. 93-94, Universidade de Coimbra, 1986)

2 comentários:

Unknown disse...

Bem, este post está fortinho sim senhor, sugere-me mil comentários e mais cem, que não cabem em mil palavras e mais outras cem.
Ficam muito bem um com o outro.

XX

Rosalina Simão Nunes disse...

é, jotabê. o mundo dos afectos é intemporal!