domingo, 3 de dezembro de 2006

à conversa com a escrita dos outros, hoje com a de Helena Garrido.

...a propósito do editorial de Helena Garrido, in DN online de 2 de Dezembro de 2006.
Já agora, editoriais são, por definição, textos "de um jornal em que o conteúdo expressa a opinião da empresa, da direcção ou da equipe de redacção, sem a obrigação de se ater a nenhuma imparcialidade ou objetividade. Geralmente, grandes jornais reservam um espaço predeterminados para os editoriais em duas ou mais colunas logo nas primeiras páginas internas. Os boxes (quadros) dos editoriais são normalmente demarcados com uma borda ou tipologia diferente para marcar claramente que aquele texto é opinativo, e não informativo. Editoriais maiores e mais analíticos são chamados de artigos de fundo.
O profissional da redação encarregado de redigir os editoriais é chamado de editorialista.
A opinião de um veículo, entretanto, não é expressada exclusivamente nos editoriais, mas também na forma como organiza os assuntos publicados, pela qualidade e quantidade que atribui a cada um (no processo de Edição jornalística). Em casos em que as próprias matérias do jornal são imbuídas de uma carga opinativa forte, mas não chegam a ser separados como editoriais, diz-se que é Jornalismo de Opinião." in wikipedia
Como não se trata de um artigo de fundo, mas sim de um texto de opinão sobre matérias que domino e sobre as quais se fazem juízos de valor com base em informação obtida em realidades que não são portuguesas, resolvi conversar com a opinão expressa por Helena Garrido.
Vale sempre a pena visitar os vizinhos para nos conhecermos melhor.
A perplexidade com que os responsáveis pela Educação em Espanha, Itália e Irlanda responderam às perguntas do DN sobre a existência de aulas de substituição revela bem o atraso em que estamos e a irracionalidade de combater esta iniciativa.
Maior seria a perplexidade dos vizinhos se soubessem que esse trabalho, na maior parte dos casos extraordinário, não é pago como tal, desde o passado ano lectivo. É que, quer se queira, quer não, os conceitos de aula de substituição e componente lectiva estão definidos por lei.
Obviamente que, como diz quem fala em nome da Itália, a escola tem a obrigação de acompanhar os alunos desde a entrada à saída. Como podem os professores considerar que não é assim ou, se assim é, que nada têm a ver com isso? Só um tempo demasiado longo, durante o qual as autoridades abandonaram a escola à sorte de ser dirigida por profissionais voluntaristas, é que pode explicar a falta de consciência da responsabilidade de um professor.
Neste ponto, seria exigível que a autora do texto identificasse os professores que até ao momento não considerem que a escola tem essa obrigação. Por outro lado, também seria necessário que alguém explicasse à autora que os professores são maioritariamente agentes da educação profissionalizados e não trabalham em regime de voluntariado.
Estas declarações foram, certamente, escritas num momento de profunda irritação.
Sem estas recentes orientações, há muito que muitas escolas se organizaram para assegurar a ocupação dos tempos livres dos alunos. São espaços que representam mais que a soma das horas de aula, que não se limitam a ser um edifício onde autómatos entram e saem debitando matérias.
Afinal de contas, há muito que as muitas escolas se organizaram...Este é um parágrafo incoerente no todo do texto...
Quem está contra as aulas de substituição parece defender um depósito de crianças e adolescentes e não uma escola.
E quem é que está contra as aulas de substituição?! Há que saber distinguir entre aulas de substituição e orientação veiculada pelo actual ministério para a consecução das mesmas.
E esperemos que alguns não tenham caído na tentação de manipular os seus alunos contra uma iniciativa que há muito devia ser uma regra. As manifestações de crianças e adolescentes causam, por vezes, grande estranheza.
Alguns?! Quem?! Estranheza?!
Estranho é a referência a crianças. Caso quem tenha escrito tais palavras não esteja a par da polémica das aulas de substituição neste ano lectivo, registe-se que têm acontecido ao nível do ensino secundário (10º, 11º e 12º Anos). São jovens que já cumpriram a escolaridade obrigatória que se têm manifestado...Poder-se-á falar de manipulação?!
Qualquer professor sabe que há uma infindável lista de actividades que pode desenvolver com os jovens. Um professor que ensina Português não pode substituir a aula de Matemática? Provavelmente não. Mas pode aproveitar esse tempo para ensinar Português.
Quanto à infindável lista de actividades, concordo. Qualquer professor sabe e age em conformidade, mediante orientações de carácter pedagógico emanadas dos competentes órgãos de orientação pedagógica existentes nas escolas. Aliás, o 4º parágrafo é o resultado desse processo. E funciona.
Agora, que se esclareça que um professor de Língua Portuguesa não pode, ou melhor não deve, ensinar Português num tempo lectivo de Matemática. Porquê? Primeiro, o professor que for substituir o professor que falte, provavelmente não será professor da turma. Segundo, pode nem ser professor do mesmo ciclo. Terceiro, nesse dia, os alunos podem não ter português, logo não terão trazido o material necessário, etc. Isto é, parece ser simples, mas há muitas condicionantes, invisíveis, pelos vistos. Não se deve esquecer que todo o ano lectivo é controlado por horários que foram previamente definidos e aprovados e que, por isso, devem ser respeitados. Não saber isso e fazer afirmações destas, revela total desconhecimento do funcionamento de uma Escola e, em simultâneo, falha na recolha de informação. E, afinal, as aulas de substituição jamais devem ser uma forma de aproveitar o tempo.
E a escola? Pode com certeza desenvolver actividades que funcionam em contínuo para onde se deslocam os alunos que ficaram com um "furo". Tanto que se pode fazer. É só querer.
Que grande confusão...Aliás, por isso é que considero incoerente o 4º parágrafo.
Porque não querem os professores, ou pelos menos alguns, os que se manifestam contra? É difícil perceber. Uma das hipóteses é esta posição contra as aulas de substituição ser apenas uma forma de reivindicação salarial. Os professores podem considerar que não são pagos para isso. Mas não têm razão.
Ora bem, tal como já disse antes, os professores não são contra as aulas de substituição. Mas há que respeitar a lei. Uma aula de substituição é componente lectiva. Se esse trabalho for distribuído no horário do professor, quando este já perfizer semanalmente a componente lectiva exigida por lei, deverá ser considerado extraordinário. E deverá ser pago como tal. Facto que não tem acontecido. Portanto, os professores têm razão.

Se a remuneração dos professores estivesse ligada aos resultados, nem aumentos salariais deveriam existir, pelo menos para alguns. É tempo de quem ensina assumir também as suas responsabilidades pelo estado da educação dos portugueses.
Concordo plenamente. Aliás, essa deveria ser uma atitude a considerar em todas as actividades profissionais. Pena é que não se distinga quem são os alguns e os outros e desde há quase dois anos não haja aumentos salariais para nenhuns...
No entanto, da minha parte, assumo as responsabilidades. Mas já agora, permitam-me que lembre que em quase 20 anos de trabalho a política no que concerne a educação tem sido alvo de constantes alterações. Contem-se os governos, iterem-se todos os ministros e equipas de trabalho. Quem assume essa responsabilidade?! Tenho de ser eu, também?!

4 comentários:

Pêndulo disse...

"redação" é que ficava mal numa professora .

:p

Rosalina Simão Nunes disse...

ehehehhehe...olhinho clínico ;)

devia ter alterado isso. instintivamente, comecei a corrigir.

ahahahhahahahha...

mas não fazia sentido. uso aspas. depois esqueci-me de repor o original. olha agora fica assim. :P

Anónimo disse...

como passou a Rosa Linda o fds?
sem outra forma de a ctct, será um prazer falar consigo no gabber da CC

Rosalina Simão Nunes disse...

ora bem, anita...passou-se.

ia até lá agora, beber o cappuccino acabadinho de fazer.