Como, até ao dia quinze de fevereiro, não recebi qualquer confirmação da inscrição, enviei um mail para o endereço eletrónico indicado (
aei@dge.mec.pt) a solicitar esclarecimentos. Pedia, nesse mail, que me fosse confirmada a inscrição. Passadas cerca de vinte horas sem feedback, reencaminhei o mail para o mesmo endereço.
Atendendo ao facto de ter continuado sem resposta, procurei saber de outra forma se haveria algum procedimento a fazer para ter a confirmação desejada. Foi-me confirmada a minha presença e foi-me também dito que, no espaço de vinte quatro horas, receberia uma confirmação.
Assim aconteceu. Hoje, pelas dez horas da manhã, recebi um mail a confirmar a inscrição, a agradecer o meu interesse pela iniciativa e a anexar um documento com a indicação de que o deveria imprimir a fim de poder, amanhã, confirmar a minha presença. Fui também informada de que a minha participação no evento estaria condicionada à hora de chegada, isto porque o número de inscrições tinha ultrapassado largamente a
capacidade do auditório principal, e a organização tinha assegurado um segundo
auditório, com 80 lugares, onde decorreria a transmissão em direto do evento.
Assim, o preenchimento dos lugares no auditório principal seria por ordem
de chegada. E, após o preenchimento desse, as pessoas seriam canalizadas
para o segundo auditório.
Quando li o mail, eram cerca de duas horas da tarde. Estive a decidir durante uma hora, aproximadamente, se deveria ou não responder. Ou se me sujeitava...
Mas, a comunicação por mail é assíncrona. E, afinal, a inscrição fora feita no dia dois de fevereiro e o evento tem a sua realização prevista para amanhã.
Ultimamente, tem havido indicações de que aos professores irá ser exigido mais trabalho. Mais formação para melhoria de resultados. Este seminário pretende ser, já, uma das apostas nessa formação pretendida pela atual equipa ministerial. Aliás, é da responsabilidade da Equipa de recursos e
Tecnologias da Direção Geral de Educação do Ministério da Educação.
Amanhã, aquela sala, o tal auditório principal, estará preenchido maioritariamente por professores. E nós, professores, temos uma responsabilidade acrescida quando fazemos formação. Fazêmo-la, tal como o Ministério deseja e deve ser, para melhorar as aprendizagens. As aprendizagens dos alunos. Portanto, não somos apenas responsáveis por nós, em todo este processo, mas, principalmente, por Eles. Porque é para Eles.
Na prática pedagógica que preconizo, e, aliás, no cumprimento do que é definido pelo Ministério da Educação, promovo, nas aulas, a utilização das novas tecnologias de informação nas aprendizagens. Ora, uma das regras de ouro a trabalhar desde é início é a da utilização do tempo. A utilização do tempo na comunicação mediatizada. Fundamental! O tempo, nessa utilização, tem uma qualidade extensível. E isso tem de ser apreendido, aprendido e respeitado.
As ferramentas síncronas de mediatização não são utilizadas nas aulas. Afinal, a sincronicidade é desenvolvida e praticada em sala de aula, na presença do professor / alunos. Por isso, não tem de ser apreendida. Pelo menos, no terceiro ciclo e pelo contexto educacional onde trabalho.
E é no respeito dessa regra essencial que os alunos têm aprendido a respeitar os prazos e a responsabilizarem-se quando não os respeitam. Por isso, e para isso, as informações são dadas atempadamente e com prazos estendidos no tempo para a realização e concretização das tarefas poder acontecer e, preferencialmente, com qualidade. E os alunos aprendem, respeitando. Obviamente, existe planificação. Trabalho, muito trabalho, na organização das atividades e no desenho das mesmas. Muitas horas.
Portanto, não aceito que os responsáveis do Seminário "Da sala de aula do futuro à escola do presente" comuniquem desta forma com os participantes.
Na ficha de inscrição, não havia qualquer informação sobre a eventualidade de só se poder assistir ao evento presencialmente sem mediatização por ordem de chegada!
Assim, informei a organização de que minha inscrição devia ser anulada:
"Boa tarde :)
Estou a 70 Km de
Lisboa. Lamento, mas não vou percorrer essa distância sem a garantia de
poder assistir ao evento presencialmente, na sala onde decorre.
Não me parece nada adequado, mesmo correto, a decisão de colocar numa sala à parte as pessoas que, tendo preenchido todos os requisitos da inscrição,
não possam assistir como foi promovido o evento. Se fosse uma opção
assistir numa sala ou noutra, a condição da ordem de chegada não
existiria. É injusto.
Assim, considerem nula a minha inscrição.
Não
posso deixar de referir que, "misturarem" desta forma a comunicação
presencial síncrona com uma espécie ilusória de sincronicidade virtual,
na sala ao lado, não irá contribuir em nada para a qualidade das
aprendizagens que se querem mediatizadas. A mediatização à distância
deverá ser sempre utilizada em vez da presença física. E não quero
dizer com isso que se sobreponham. São diferentes, e devem ser usadas em
contextos diferentes.
Muito obrigada.
Rosalina Simão Nunes"
Lamento não poder estar presente amanhã. Porém, as salas de aula do futuro também são feitas destes presentes, já que, no processo das aprendizagens, (co)existem o aluno e o professor. E eu sou professora.