quarta-feira, 3 de março de 2010

Tema 3 - Construção do conhecimento

Objectivo da Actividade 3 de Concepção e Avaliação em E-Learning:
 - proporcionar uma análise, reflexão e discussão sobre as perspectivas, princípios e modalidades/estratégias que têm vindo a emergir na literatura que aborda as questões específicas da avaliação das aprendizagens no contexto da educação online. 
Desta vez, foi-nos pedido que trabalhássemos a pares.  Sobre o processo de desenvolvimento da actividade, farei, posteriormente, um post, à semelhança do que fiz em relação à primeira e segunda actividades. Trabalhei em pareceria com o colega Luís Miguel Rodrigues. A fim de cumprirmos o objectivo, tínhamos de ler e analisar dois artigos:
  • BARBERÀ, E. (2006) “Aportaciones de la tecnología a la e-Evaluación”. RED. Revista de Educación a Distancia, Año V. Número monográfico VI. http://www.um.es/ead/red/M6/
  • PRIMO, Alex (2006) "Avaliação em processos de educação problematizadora online". In: Marco Silva; Edméa Santos. (Org.). Avaliação da aprendizagem em educação online. São Paulo: Loyola, v. , p. 38-49. http://www6.ufrgs.br/limc/PDFs/EAD5.pdf
Concluída essa fase, era-nos pedido que elaborássemos um documento (3/4 pág.), sintetizando as grandes linhas de força sobre o tema em estudo, complementada com uma breve reflexão final sobre o mesmo. Indico o link [http://www.scribd.com/doc/27753013/Analise-e-Reflexao] onde publiquei o produto final resultante dessa primeira fase e transcrevo a breve reflexão final:
A avaliação, tradicionalmente considerada como o indicador da superação ou não do processo de aprendizagem, passa a ser vista como uma facilitadora do processo de aprendizagem em contextos digitais.
No ensino presencial clássico, a avaliação era encarada como o processo em que era afirmado, depois da aplicação de um instrumento de avaliação, se o aluno tinha ou não aprendido o que era suposto. A classificação, ao assumir vários graus, expressava o quanto o aluno tinha sido capaz de corresponder à aprendizagem esperada.
Um ensino centrado no aluno, e nas suas expectativas, que o procure formar para um bom desempenho pessoal e social, tem nas TIC um poderoso aliado, pois estas permitem, além do EaD digital - o e-LEarning - uma grande inovação na avaliação: o acompanhamento do processo de aprendizagem. E é sobre esta última que nos vamos centrar.
Feedback
A avaliação, como um direito que o aluno tem, ao ser realizada recorrendo às possibilidades criadas pelo ambiente web 2.0, é uma grande facilitadora do processo de aprendizagem. Desde logo, ganha especial destaque a importância do feedback. Este, ao acontecer ao longo do processo de aprendizagem, permite que o aluno receba ajudas do professor-facilidator em ordem à obtenção de uma melhor aprendizagem, cooperando com este na construção e publicitação do conhecimento.
Comunidades de aprendizagem
Com o recurso a ferramentas apropriadas da web, os alunos e professores podem interagir de modo muito satisfatório e criar autênticas comunidades de aprendizagem, com disponibilidade e flexibilidade próprias do e-learning. Este sentido de pertença é um grande facilitador da aprendizagem e um bom incentivo para haver perseverança na aprendizagem, logo, para se alcançar melhores resultados.
A grande vantagem, neste processo quer de aprendizagem, quer de avaliação reside no facto do professor não avaliar apenas o produto final, nem sobretudo este, mas sim o processo que foi realizado ao longo de toda a aprendizagem. Esta diferença faz com que a avaliação seja mais justa e realista, deixando de ser vista como um "mal necessário" para validar a aprendizagem, para ser encarada como um elemento imprescindível da aprendizagem.
A missão de avaliar, agora, pode caber não apenas ao professor, mas também aos pares. Ou seja, num processo de aprendizagem realizado em grupo, e com o recurso às ferramentas da segunda geração web, os outros alunos também podem avaliar e apreciar o trabalho dos colegas: emitindo pareceres sobre o rumo que o trabalho leva; sugerindo fontes e actividades para alcançar de uma forma mais assertiva os objectivos de aprendizagem; valorizando o contributo que cada membro teve na realização das tarefas.
Se a avaliação é catalisador positivo para a aprendizagem, nomeadamente a avaliação entre pares, convém, no entanto, ter presente o tipo de comunidade de aprendizagem com que se está a trabalhar. Vendo a questão mais a montante, que tipo de alunos são o público-alvo ideal para o ensino à distância: é claramente um grupo de alunos adulto, motivado e comprometido.
No contexto educacional em que esta reflexão é produzida é clara a afirmação acima, mas falar de ensino pode ser falar de desmotivação, abandono e falta de comunidade de aprendizagem, por isso, a relevância dada ao feedback e ao conceito de comunidade de aprendizagem, nesta reflexão.

Do debate que se seguiu à apresentação dos trabalhos à turma, destaco as seguintes intervenções que fiz:
1ª PARTICIPAÇÃO 
Contextualização
Em resposta à intervenção de um colega sobre as mais valias no processo de aprendizagem e avaliação com recurso às ferramentas da web 2.0, no espaço de discussão do nosso trabalho (meu e do Luís Rodrigues), procurei esclarecer aquilo que me pareceu ser uma interpretação menos focada do nosso texto:
Quinta, 14 Janeiro 2010, 10:10
Nós não dizemos isso na nossa reflexão. O que realçamos como mais valia neste processo de aprendizagem e avaliação com recurso às ferramentas da web 2.0 é o facto do professor não avaliar apenas o produto final, nem sobretudo este, mas sim o processo que foi realizado ao longo de toda a aprendizagem.
Quanto à transparência que pode resultar da apreciação e avaliação por parte dos pares, não me parece que haja dúvida e estaremos todos de acordo. No entanto, não posso deixar de sublinhar a importância que nesse contexto tem a existência da comunidade de aprendizagem. É fundamental, antes de mais, garantir que ela exista, de facto, para que a avaliação entre pares seja válida. (Reflexão / Comunidades de Aprendizagem / 4º Parágrafo)
E atrevo-me a arriscar que para que tal aconteça, o papel do professor / tutor é fundamental.
2ª PARTICIPAÇÃO
Contextualização
Mais tarde, no mesmo tema da anterior intervenção, reflecti sobre o conceito de avaliação distribuída. A essa entrada dei o título de Reflexão extemporânea.
Quinta, 28 Janeiro 2010, 08:51
Designei esta entrada por extemporânea porque está a ser feita fora de tempo.
Porquê agora?
Desde que esta discussão começou que não deixei de pensar em avaliação. A realização desta actividade decorreu num período de tempo em que eu também tive de avaliar (Avaliações Sumativas do 1º Período).
Sei que aqui discutimos a avaliação das aprendizagens em contexto online, portanto, supostamente, diferente da avaliação que eu faço, uma vez que se trata de avaliação das aprendizagens adquiridas / desenvolvidas presencialmente. No entanto, hoje em dia, já trabalho, também, em contexto online. Logo, esta é também uma problemática cuja análise necessito fazer, enquanto professora, de forma a poder optimizar as aprendizagens dos alunos.
De tudo o que escrevemos, é consensual a importância do feedback. Mas este será um aspecto comum ao da avaliação feita presencialmente. 
Talvez o que distinga a avaliação das aprendizagens em contexto online das outras modalidades seja o facto desse contexto permitir a tal avaliação interpares e consequentemente a necessidade de ser feito em numa comunidade de aprendizagem.
Eu gosto dessa ideia. A questão em que tenho andado a pensar é: como é que isso se faz?
No nosso trabalho, eu e o Luís, discutimos isso, e no nosso documento esse aspecto foi referido: "Se a avaliação é catalisador positivo para a aprendizagem, nomeadamente a avaliação entre pares, convém, no entanto, ter presente o tipo de comunidade de aprendizagem com que se está a trabalhar. Vendo a questão mais a montante, que tipo de alunos são o público-alvo ideal para o ensino à distância: é claramente um grupo de alunos adulto, motivado e comprometido."
Penso que esta opinião irá ao encontro daquilo que a Professora escreveu aqui: "Não sei se esta avaliação "distribuída" se aplicará de igual modo a todos os níveis, mas aos mais elevados de formação penso que é sem dúvida um factor importante a considerar.
Portanto, para já, seria possível discutir e considerar uma avaliação "distribuída" quer em situações onde o público-alvo fosse o aluno adulto, motivado e comprometido, quer, aos mais elevados [níveis] de formação.
Continuo a gostar da ideia. Mas não posso também deixar de aqui partilhar as palavras que escrevi, quando eu e o Luís estávamos a construir a nossa reflexão: 
Luís, tenho algumas dúvidas sobre a "democratização" da avaliação, na perspectiva de que todos se avaliem a todos sem que seja necessária alguma disciplina. No final, alguém tem de ser responsável pela avaliação. Se aceitarmos como viável esse tipo de comunidade de aprendizagem em que a avaliação seja da responsabilidade da própria comunidade, teríamos de ter uma comunidade imune aos interesses e ambições pessoais que todos sabemos que existem. Teríamos de ter uma comunidade em que o objectivo final fosse só mesmo o da partiha do conhecimento e o de aprender mais. Ora, sabemos que a sociedade não funciona dessa forma. E a sensação que começo a ter, ultimamente, quando trabalho para o mestrado é a de que estamos a estudar e defender práticas que depois, na vida real, dificilmente conseguiremos construir, já que têm por base uma comunidade que, de facto, não existe.
Isto é, eu julgo que, quando escrevi isto, não me estava a reportar apenas aos meus alunos, mas também à minha experiência enquanto aprendente. Neste Curso e noutros que tenho frequentado a nível da formação profissional.
E agora que estou mais distante deste trabalho, revendo o que todos fizemos e dissemos, aventurar-me ia a sugerir que uma avaliação distribuída não poderia ser quantitativa.
De acordo com a leitura que fizemos do texto de Barberà, quando o conceito de avaliação multidimensioal da avaliação é descrito, no aspecto da avaliação a partir da aprendizagem, é dito que os alunos têm direito a melhorar as suas próprias produções a partir do próprio desenho da avaliação e isso também acarreta deveres para eles e que o feedback virtual abre campos a uma necessária revisão e chama a atenção dos alunos sobre a qualidade dos seus contributos.
Ora a questão que coloco é: como se quantifica este processo?
3ª PARTICIPAÇÃO 

Contextualização
Na discussão do trabalho da Mónica Velosa e Sandra Brás, destaquei do seu trabalho um ponto que me pareceu relevante: a referência ao trabalho individual, feita por Primo:
Quinta, 14 Janeiro 2010, 10:27
Da Vossa reflexão destaco o seguinte parágrafo: 
Terá que existir um balanço. Primo, enquanto defensor de uma aprendizagem mais colaborativa online não coloca totalmente de lado o trabalho individual. Por conseguinte, a avaliação online não deve totalmente desconsiderar os resultados e o trabalho que cada aluno desenvolveu individualmente cujo processo não foi “auscultado” um grupo. Esse balanço deverá estar no uso combinado de formas e instrumentos de avaliação. Porque é que avaliar o processo inválido a avaliação dos resultados? E vice-versa.
É, quanto a mim, muito importante a referência, primeiro, à necessidade de fazer balanços. Reflectir sobre o que cada um e os outros fizeram. Depois, o facto de terem dado destaque à importância do trabalho individual. Seria excelente se conseguíssemos desenhar um modelo de ensino e, por consequência, de avaliação online onde a perspectiva individual fosse tão valorizada como a colaborativa.
Ultimamente, em particular, desde que começámos este semestre e com a frequência da uc de processos pedagógicos, a teoria do cooperativismo por comparação com a aprendizagem em colaboração tem-me feito reflectir sobre as nossas práticas. Claro que ainda não cheguei a qualquer conclusão. Nem sei se lá chegarei... Pelo menos de forma definitiva, mas não posso deixar de sublinhar a importância deste tipo de trabalho de reflexão.

Nota: O fundo das participações é diferente para distinguir as participações individuais (cinzento) da reflexão feita em conjunto (cor-de-rosa) com o Luís Miguel Rodrigues.

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