segunda-feira, 12 de março de 2007

tens uma alma negra...
era assim. e, afinal, todos pensavam daquela forma. as perguntas sucediam-se e as respostas soavam vagas...sempre efémeras.

...
depois, os tempos aconteciam cinzentos. as nuvens cerravam os céus até que o sol, um dia, voltava.


(fotos de Diafragma)

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AVISO

Não venham mais aqui,
Não venham mais.
Nem digam que vivi,
Entre os demais.


Preciso que me esqueçam e me esqueça
Para poder ser eu.
E me esvaziem olhos e cabeça
Até onde o que sou chamei de meu.

Estou cansada de ser o que outros fui
E o que os outros me foram em presença.
Cansada de Leituras, de Pinturas,
De Esculturas, só de música, não!,
Nem das ruínas das Arquitecturas...

O que eu queria não era bem a Morte,
Porque a Morte era eu para além de mim.
Eu queria o fim, o fim...


Natércia Freire,
in Poesia Completa, pág. 239, edições quasi