sábado, 23 de junho de 2007


a bruxa

era uma vez uma bruxa. era má, mesquinha e feia como todas as bruxas.
mas era feliz. as bruxas são assim.
vivia num castelo cinzento rodeada de pessoas que não sabiam que ela era bruxa. só o feiticeiro.
aliás, o feiticeiro tinha-lhe feito aquele castelo para que ela fosse feliz ali.
ele gostava dela, ainda que soubesse que ela gostava de fazer mal às pessoas; ainda que soubesse que ela gostava de ver os outros a sofrer.
ele tinha percebido há muito tempo que aquela bruxa era especial e que para a ter com ele tinha de a fazer feliz. e ela era feliz assim.
do castelo tratava ela todos os dias.
acendia as velas, limpava o pó da noite, abria as janelas e deixava entrar todas as pessoas que quisessem por ali passar.
era simpática com elas. sabia que tinha de ser, senão elas iam embora.
no entanto, sempre que tinha muita gente no castelo, deixava de ser simpática com algumas para que o castelo não ficasse muito cheio.
se houvesse muitas pessoas ela tinha de arranjar mais pessoas para acender as velas, limpar o pó da noite, abrir as janelas e deixar entrar as pessoas.
e ela não queria que isso acontecesse. por isso escolhia as pessoas com quem sabia que podia contar para estar ali.
escolhia as pessoas que ela sabia que nunca lhe iriam dizer não.
e era feliz assim.
e todas aquelas que pessoas que por ali passaram e até gostaram do castelo que o feiticeiro tinha feito, mas sabiam dizer não, acabaram sempre por partir, porque sentiram que não havia lugar para elas.
e ela, a bruxa, ficava feliz, porque era má.

essa bruxa ainda vive nesse castelo.

15 de maio de 2006

2 comentários:

Pedro Damião disse...

E viveram felizes por muitos anos?
EhEhEhEhEh!!!

Rosalina Simão Nunes disse...

Acho que sim, tempus. As bruxas têm sempre sorte!