Resumo
Numa reflexão crítica sobre os OERs (Open Educational Resources), Recursos Educacionais Abertos (REAs), em Português, no âmbito do trabalho desenvolvido em Materiais e Recursos para E-Learning, primeiro, apresento um post que defende os OERs como sendo o caminho a seguir no domínio da aquisição do conhecimento, mas que, em simultâneo, aborda a controvérsia da questão. O post de Terry Anderson - Even with Information glut, we need Open Education Resources - cumpre essa intenção.
Depois, e porque estamos a assistir a profundas alterações nas formas de processar a informação para alcançar o conhecimento - o fenómeno da globalização -, sublinho a importância da partilha, quer de experiências, quer de conteúdos, recorrendo a instrumentos que permitam desenvolver OERs de qualidade. Os posts de Michele Martin e Wynn Williamson cumprem essa intenção: How Do You Create a Culture of Sharing? e Influences on the open educational resources movement, respectivamente.
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......Assume a world where teachers and learners have free access to high-quality educational resources, independent of their location. Assume further that many of these resources are collaborative produced, and localized and adjusted for the learner’s specific needs and context. Assume that the cost of producing and maintaining these resources would be distributed across a large number of actors and countries. Assume further that the costs were declining rapidly and, for practical purposes, could be considered to be negligible.
Such a world exists, today, in a laboratory scale. In the next several years, it will become possible in a scale that will radically change the ways in which we learn and create knowledge. - Ilkka Tuomi
Das palavras de Ilka Tuomi, retiradas de Open Educational Resources: What they are and why do they matter, assume-se que os OERs são já uma referência que não se pode ignorar no mundo do conhecimento.
Apesar de poder haver quem considere que, com o movimento dos OErs, se está a negligenciar a qualidade dos conteúdos, deverá considerar-se, como escreve Terry Anderson, num post que responde às questões de Brian Lamb sobre esta matéria, que os OERs oferecem a possibilidade, não só de partilhar o livre acesso a conteúdos académicos, como também "the expertise and passion" dos educadores que estão qualificados para ajudar os alunos.
We need more of these resources not constraints or misinformed criticism of the OER promise to increase access and public knowledge, escreve Terry Anderson, na referência em cima - Even with Information glut, we need Open Education Resources -, e, com base em leituras efectuadas, é incontornável que, hoje em dia, cada vez mais, o acesso ao conhecimento se faz recorrendo a OERs.
Importa, por isso, saber como partilhar com qualidade os projectos que envolvem OERs. Foi nesse sentido que orientei a minha pesquisa. E encontrei neste post linhas orientadoras para a criação daquilo a que Michele Martin, a autora do blog, designa de "culture of sharing". Em síntese, para criar uma cultura de partilha, mesmo em espaços de grande competição, é necessário:
E, neste ponto, parece-me importante, até porque o meu interesse sobre os OERs é recente, e para este trabalho de reflexão procurei, também, perceber a inevitabilidade da existência dos OERs, referir, ainda, este post: Influences on the open educational resources movement. De uma forma muito objectiva e clara, Wynn Williamson dá-nos conta das principais influências que têm contribuído para o desenvolvimento do movimento dos OERs, nomeadamente, os conceitos de: Open Source Software, Open Content e Learning Objects.
O software de fonte aberta (Open Source Software) é, para Williamson, a mais importante influência no que respeita os OER, de tal forma que, frequentemente, se pensa em fonte aberta aplicada a conteúdos e não a software. Ainda sobre o Open Source Software, as duas grandes contribuições para os OER's são os conceitos de licença aberta e o de trabalho colaborativo ("the open license concept and a demonstration of the power of collaborative community development models.").
Já a expressão "conteúdo aberto" (open content), com o cunho pessoal de David Wiley, tem por detrás a ideia de que o conceito de software de fonte aberta se pode aplicar a conteúdos. Desta forma David Wiley adaptou este conceito de abertura e criou o de Open Content License. Larry Lessig e outros desenvolveram a ideia de que a maioria dos conteúdos não são criados para gerar lucro. Em suma, o maior contributo do Open Content para os OERs tem sido a defesa do conceito de abertura em detrimento dos direitos de autor, acreditando que, sem lucros, os benefícios sociais serão imensos.
Com a emergência da era digital, na década de 90, o conceito de materiais de aprendizagem digitais ganhou forma e foi desenvolvido. Um processo a que se chamou Lego model (modelo Lego), sugerindo a possibilidade de criar simulações de aprendizagens que pudessem ser reutilizáveis. Apesar do conceito ter vindo a esmorecer, a ideia foi levada para a discussão dos OERs.
Para Williamson estes são os aspectos essenciais para que a discussão à volta dos OERs possa partir de uma base comum de entendimento ("at least close enough to provide a starting point for understanding the field".).
Para mim, a leitura deste post foi um importante registo de informação, confirmando a ideia que vou construindo sobre os OERs. Trata-se de um conceito que ultrapassa a mera construção de materiais para serem usados, no meu caso, enquanto professora, em sala de aula. Associado a ele está sempre a ideia de reutilização e partilha. Através da sua criação e reutilização, o professor, como refere Terry Anderson no post acima citado, tenta auto-motivar-se e entusiasmar-se ( "It attempts to capture the personal motivation and excitement of the teacher... " ) de forma a promover a motivação tantas vezes necessária [eu substituiria often por always...], no apoio aos alunos, nas suas aprendizagens. E aqui sublinho a importância da existência de verdadeiras comunidades de partilha, construída a partir de critérios válidos, com base numa "culture of sharing", ( fazendo de novo referência à expressão usada por Michele Martin, no seu post How Do You Create a Culture of Sharing?), já que a existência desses espaços poderá permitir a outros professores adaptar os recursos às suas realidades:
Posso avançar que, desde que comecei a estudar o conceito de OERs, decidi permitir o download dos slides que vou publicando aqui, tendo-lhe atribuído a licença Attribution Non-Commercial. Isto porque, se antes me fazia alguma confusão aceitar que outros pudessem reutilizar o trabalho que eu fizera, neste momento, essa ideia parece-me completamente ultrapassada, fruto de uma cultura que se centrava apenas na aquisição dos conteúdos de uma forma quantas vezes estanque, sem discussão, em que o professor dava a matéria para o aluno a decorar.
Resta saber se este conceito de abertura associado à aquisição de conhecimento se conseguirá sobrepor ao dos lucros das empresas que, até aqui, detinham o monopólio dos materiais educativos...
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Numa reflexão crítica sobre os OERs (Open Educational Resources), Recursos Educacionais Abertos (REAs), em Português, no âmbito do trabalho desenvolvido em Materiais e Recursos para E-Learning, primeiro, apresento um post que defende os OERs como sendo o caminho a seguir no domínio da aquisição do conhecimento, mas que, em simultâneo, aborda a controvérsia da questão. O post de Terry Anderson - Even with Information glut, we need Open Education Resources - cumpre essa intenção.
Depois, e porque estamos a assistir a profundas alterações nas formas de processar a informação para alcançar o conhecimento - o fenómeno da globalização -, sublinho a importância da partilha, quer de experiências, quer de conteúdos, recorrendo a instrumentos que permitam desenvolver OERs de qualidade. Os posts de Michele Martin e Wynn Williamson cumprem essa intenção: How Do You Create a Culture of Sharing? e Influences on the open educational resources movement, respectivamente.
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......Assume a world where teachers and learners have free access to high-quality educational resources, independent of their location. Assume further that many of these resources are collaborative produced, and localized and adjusted for the learner’s specific needs and context. Assume that the cost of producing and maintaining these resources would be distributed across a large number of actors and countries. Assume further that the costs were declining rapidly and, for practical purposes, could be considered to be negligible.
Such a world exists, today, in a laboratory scale. In the next several years, it will become possible in a scale that will radically change the ways in which we learn and create knowledge. - Ilkka Tuomi
Das palavras de Ilka Tuomi, retiradas de Open Educational Resources: What they are and why do they matter, assume-se que os OERs são já uma referência que não se pode ignorar no mundo do conhecimento.
Apesar de poder haver quem considere que, com o movimento dos OErs, se está a negligenciar a qualidade dos conteúdos, deverá considerar-se, como escreve Terry Anderson, num post que responde às questões de Brian Lamb sobre esta matéria, que os OERs oferecem a possibilidade, não só de partilhar o livre acesso a conteúdos académicos, como também "the expertise and passion" dos educadores que estão qualificados para ajudar os alunos.
We need more of these resources not constraints or misinformed criticism of the OER promise to increase access and public knowledge, escreve Terry Anderson, na referência em cima - Even with Information glut, we need Open Education Resources -, e, com base em leituras efectuadas, é incontornável que, hoje em dia, cada vez mais, o acesso ao conhecimento se faz recorrendo a OERs.
Importa, por isso, saber como partilhar com qualidade os projectos que envolvem OERs. Foi nesse sentido que orientei a minha pesquisa. E encontrei neste post linhas orientadoras para a criação daquilo a que Michele Martin, a autora do blog, designa de "culture of sharing". Em síntese, para criar uma cultura de partilha, mesmo em espaços de grande competição, é necessário:
- Construir e divulgar perfis pessoais com referência às capacidades e experiências;
- Apostar em indivíduos que não sejam individualistas. Que, como Michele Martin escreve, who talk about "we" instead of "I" and who tell stories about shared accomplishments rather than what they alone achieved;
- Manter as pessoas focadas no que, de facto, interessa - "Keep it real";
- Promover o reconhecimento pelos pares;
- Usar a tecnologia a fim de divulgar / promover os OER, promovendo também situações de comunicação face a face, to bring people physically together to share knowledge and form stronger community bonds.
- All You Need to Teach Online Is Here! Free!;
- Everything You Need to Teach and Learn Online - Part 2;
- Everything You Need to Teach and Learn Online - Part 3.
E, neste ponto, parece-me importante, até porque o meu interesse sobre os OERs é recente, e para este trabalho de reflexão procurei, também, perceber a inevitabilidade da existência dos OERs, referir, ainda, este post: Influences on the open educational resources movement. De uma forma muito objectiva e clara, Wynn Williamson dá-nos conta das principais influências que têm contribuído para o desenvolvimento do movimento dos OERs, nomeadamente, os conceitos de: Open Source Software, Open Content e Learning Objects.
O software de fonte aberta (Open Source Software) é, para Williamson, a mais importante influência no que respeita os OER, de tal forma que, frequentemente, se pensa em fonte aberta aplicada a conteúdos e não a software. Ainda sobre o Open Source Software, as duas grandes contribuições para os OER's são os conceitos de licença aberta e o de trabalho colaborativo ("the open license concept and a demonstration of the power of collaborative community development models.").
Já a expressão "conteúdo aberto" (open content), com o cunho pessoal de David Wiley, tem por detrás a ideia de que o conceito de software de fonte aberta se pode aplicar a conteúdos. Desta forma David Wiley adaptou este conceito de abertura e criou o de Open Content License. Larry Lessig e outros desenvolveram a ideia de que a maioria dos conteúdos não são criados para gerar lucro. Em suma, o maior contributo do Open Content para os OERs tem sido a defesa do conceito de abertura em detrimento dos direitos de autor, acreditando que, sem lucros, os benefícios sociais serão imensos.
Com a emergência da era digital, na década de 90, o conceito de materiais de aprendizagem digitais ganhou forma e foi desenvolvido. Um processo a que se chamou Lego model (modelo Lego), sugerindo a possibilidade de criar simulações de aprendizagens que pudessem ser reutilizáveis. Apesar do conceito ter vindo a esmorecer, a ideia foi levada para a discussão dos OERs.
Para Williamson estes são os aspectos essenciais para que a discussão à volta dos OERs possa partir de uma base comum de entendimento ("at least close enough to provide a starting point for understanding the field".).
Para mim, a leitura deste post foi um importante registo de informação, confirmando a ideia que vou construindo sobre os OERs. Trata-se de um conceito que ultrapassa a mera construção de materiais para serem usados, no meu caso, enquanto professora, em sala de aula. Associado a ele está sempre a ideia de reutilização e partilha. Através da sua criação e reutilização, o professor, como refere Terry Anderson no post acima citado, tenta auto-motivar-se e entusiasmar-se ( "It attempts to capture the personal motivation and excitement of the teacher... " ) de forma a promover a motivação tantas vezes necessária [eu substituiria often por always...], no apoio aos alunos, nas suas aprendizagens. E aqui sublinho a importância da existência de verdadeiras comunidades de partilha, construída a partir de critérios válidos, com base numa "culture of sharing", ( fazendo de novo referência à expressão usada por Michele Martin, no seu post How Do You Create a Culture of Sharing?), já que a existência desses espaços poderá permitir a outros professores adaptar os recursos às suas realidades:
Properly licensed (read Creative Commons, with derivatives allowed) OER’s also allow other educators and learners to contextualize, mash, translate and republish this specialized content, thus creating an ever expanding and infinitely malleable resources. - Terry Anderson
Posso avançar que, desde que comecei a estudar o conceito de OERs, decidi permitir o download dos slides que vou publicando aqui, tendo-lhe atribuído a licença Attribution Non-Commercial. Isto porque, se antes me fazia alguma confusão aceitar que outros pudessem reutilizar o trabalho que eu fizera, neste momento, essa ideia parece-me completamente ultrapassada, fruto de uma cultura que se centrava apenas na aquisição dos conteúdos de uma forma quantas vezes estanque, sem discussão, em que o professor dava a matéria para o aluno a decorar.
Resta saber se este conceito de abertura associado à aquisição de conhecimento se conseguirá sobrepor ao dos lucros das empresas que, até aqui, detinham o monopólio dos materiais educativos...
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4 comentários:
Os OER’s podem ser, e acredito que sejam, o caminho a seguir, pelo menos o mais rápido e fácil de percorrer, para que um número cada vez maior de pessoas possa ter acesso ao ensino/formação, e de uma forma mais económica.
Contudo, há uma barreira a ultrapassar: a falta de partilha, melhor, a falta de cultura de partilha. E é este o grande combate, por uma cultura da partilha.
Boa tarde Rosalina
Os OER oferecem a possibilidade, não só de partilhar o livre acesso a conteúdos académicos, como também "the expertise and passion" dos educadores que estão qualificados para ajudar os alunos.
"Expertise and Passion".... é isso que precisamos...principalmente em Portugal.
Cá, como em outros lugares do mundo, há muita expertise, muito engenho e muita paixão, mas às vezes parece que andamos "tolhidos" ou que há algo que não nos deixa "levantar a cabeça" e mostrar do que somos capazes. No que respeita ao ensino por exemplo, há " algo" que não deixa, não quer, ou impede os " carolas", os "apaixonados" de se juntarem e "criarem coisas"....de fazer com que os sonhos se tornem realidade...
Nós, aqueles descendentes dos que "deram novos mundos ao mundo", daquele povo inquieto sempre de olhos virados para o mar estamos "quietos, tristes e conformados".
Portugal pode já não ser um império, pode já não ser rico, mas, apesar da fuga, ainda tem muitos cérebros válidos nomeadamente entre os professores.
Se calhar começa a ser altura de nos "apropriarmos" das novas tecnologias, parar de reclamar e começar a usar/ criar livremente, acreditando e deixando de de ser r Velhos do Restelo"
. Nós, que acabámos de entrar no conhecimento desta "onda" estaremos talvez bem posicionados para " fazer algo de novo" ou pelo menos ajudar a fazer...
Bom ...eu não queria entrar em questões políticas... ;-))
Teresa Rafael
Foi, também para mim, um importante registo de informação a leitura do seu post subordinado à "Reflexão Crítica sobre OER". Desde a forma como organizou o texto e as ideias, à concisão e claresa do seu teor.
Cumpre, neste breve comentário, referir três pontos que destaco:
O potencial dos REAs/OERs, enquanto elementos incontornáveis, para o presente e para o futuro, na transmissão e partilha de conhecimento e experiência, em que, quer os "conteúdos", quer o "software", são essenciais e condição sine qua non à sua difusão.
A necessidade de uma cultura de exigência e de qualidade destes recursos educacionais abertos, já que a capacidade e alcance da Internet, enquanto seu veículo primordial de distribuição, se deverá subordinar a princípios éticos e de boas práticas para que a partilha do conhecimento e da experiência resulte em sabedoria e benefício efectivo para a humanidade, em geral, e para todo e qualquer indivíduo.
E, finalmente, a alegria de fazer parte desta dinâmica que remete já para um novo paradigma de cidadania.
José Fernandes
Caros colegas, agradeço, antes de mais a Vossa presença aqui. Obrigada.
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Sem dúvida, Luís Miguel, a tónica deve ser partilhar. E, de facto, é necessário desenvolver esse espírito, pois, em quase todos os aspectos da vida em sociedade, ele está em défice.
O que não deixa de ser curioso já que o homem é antes de mais um ser gregário. Sempre foi.
E repito aqui as palavras de Miguel Torga que partilhou connosco no Fórum Cultura e poder no século XXI, na u.c. ESR, a 1 de Maio:
“O homem é um animal compartilhante. Necessita de sentir as pancadas do coração sincronizadas com as doutros corações, mesmo que sejam corações oceânicos, insensíveis a mágoas de gente. Embora oco de sentido, o rufar dos tambores ajuda a caminhar. Era um parceiro de vida que eu precisava agora, oco tambor que fosse, com o qual acertasse o passo da inquietação”
Miguel TORGA, Diário IX, ed. do Autor, Coimbra 1977, 76-77.
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"Expertise and Passion".... é isso que precisamos...principalmente em Portugal.
Não diria melhor, Teresa. É fundamental.
Mas acho que estamos no bom caminho! Pelos menos no nosso caso. De que outra forma explicaríamos as nossas conversas madrugadoras, no messenger?! :p
Talvez deste encontro (mpel03) possam vir a ser desenvolvidos projectos interessantes.
Quem sabe...
[Ignorei a sua referência à questão política, propositadamente, e pelas razões que ambas muito bem sabemos. ;-)]
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"...dinâmica que remete já para um novo paradigma de cidadania."É isso mesmo, José: construção de um novo paradigma de cidadania. Gostei da ideia.
Penso que seja nisso que estamos todos a participar, quando reflectimos e debatemos estas questões.
E a alegria é, sem dúvida, fundamental.
O mundo lá fora já é excessivamente cinzento!
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