(...)Mariana sofria de uma doença que a obrigou a diversas intervenções cirúrgicas ao longo do ano lectivo.(...)Vítor frequentava, também, o 6.º ano de escolaridade. Pela terceira vez. Reprovações dos anos anteriores devidas a falta de assiduidade. Falta de acompanhamento dos pais que, mesmo estando em casa e sabendo que o filho tinha aulas, o deixavam ficar a dormir.(...)André andava no 5.º ano, pela segunda vez. Raramente ia às aulas. Quando o fazia, era apenas para distrair o tédio de alguns dos seus dias, "animando" as aulas à custa dos "setores" e dos colegas. (...)
(...)
Curiosamente, os três alunos seriam tratados, nas suas faltas, com muitas semelhanças pelo novo Estatuto do Aluno (Lei n.º 3/2008), realizando uma prova em cada disciplina com excesso de faltas (justificadas ou não), que poderia conduzir a uma não aprovação. Mariana, já tão sofrida, teria de se sujeitar a essas provas, não tendo os professores autonomia para aplicarem apenas as medidas que considerassem adequadas e que tão bons resultados deram. Vítor sabia que reprovaria se ultrapassasse o número limite de faltas e foi esse receio, em paralelo com a intervenção da escola e do treinador, que o levaram a ir às aulas; o receio de uma prova não produziria, certamente, o mesmo efeito. Quanto a André e à sua família, importavam-se com as provas? Viessem quinhentas! Se ele lá aparecesse, seria, certamente, mais uma oportunidade para "gozar" com os "setores" e com o sistema.
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2 comentários:
Attention!
ALERTA: Talvez muitos portugueses ainda não se tenham apercebido de que as reprovações nas escolas públicas vão ser gradualmente banidas. A tendência é que ao fim de 12 anos de escola todos os alunos possam ter o 12.º ano de escolaridade
O nível de conhecimentos poderá ser muito baixo e inconsistente, mas poderão deverão ostentar "orgulhosamente" o certificado de habilitações do 12.º ano, que, afinal, é tão só a escolaridade mínima obrigatória. Portugal poderá assim figurar nas estatísticas como sendo um país com uma população com bastantes anos de escolaridade, embora isso não dê qualquer indicação em termos de conhecimentos dos portugueses.
Nas escolas públicas, os alunos poucas possibilidades terão de atingir os conhecimentos necessários para prosseguirem os estudos.
Com este panorama, os pais que desejem para os seus filhos um curso superior têm que começar já a consciencializar-se de que a escola pública não será o caminho mais aconselhável para a preparação dos seus filhos; nem para o prosseguimento de estudos, nem para o desempenho de funções com maior complexidade.
Ainda que algumas crianças e jovens se interessem pelos estudos o ambiente será imprório para que tenham sucesso, porque na mesma sala co-existirão alunos com deficiências várias: alguns fracos conhecimentos adquiridos anteriormente, até porque não havendo reprovações, não haverá necessidade de empenho nos estudos; outros com deficiências psíquicas e até de comunicação; muitos outros sem qualquer interesse pelos estudos e que apenas por ali andam porque o sistema os obriga a que permaneçam.
Zé da Burra o Alentejano
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