"Por exemplo, os nossos avós,
muitos deles não sabem ler nem escrever. Isso é como se nos faltasse uma
parte de nós. Sem a leitura, falta-nos o prazer e a riqueza de perceber
os nosso tempos atuais." - Ora, deve ser por essa razão que querem
acabar com a escola pública. Quem escreveu isto foi um aluno da escola
pública.
E, por sugestão da amiga Ana, adiciono ao post A Gente não lê, de Rui Veloso.
Ai, Senhor das Furnas, Que escuro vai dentro de nós. Rezar o terço ao fim da tarde Só para espantar a solidão. Rogar a Deus que nos guarde, Confiar-lhe o destino na mão
Que adianta saber as marés, Os frutos e as sementeiras, Tratar por tu os ofícios, Entender o suão e os animais, Falar o dialecto da terra, Conhecer-lhe o corpo pelos sinais?
E do resto entender mal, Soletrar assinar em cruz, Não ver os vultos furtivos, Que nos tramam por trás da luz.
Ai, Senhor das Furnas, Que escuro vai dentro de nós. A gente morre logo ao nascer Com olhos rasos de lezíria. De boca em boca passar o saber, Com os provérbios que ficam na gíria.
De que nos vale esta pureza, Sem ler fica-se pederneira. Agita-se a solidão cá no fundo, Fica-se sentado à soleira, A ouvir os ruídos do mundo E a entendê-los à nossa maneira.
Carregar a superstição De ser pequeno ser ninguém E não quebrar a tradição Que dos nossos avós já vem.
Ai, Senhor das Furnas, Que escuro vai dentro de nós. Rezar o terço ao fim da tarde Só para espantar a solidão. Rogar a Deus que nos guarde, Confiar-lhe o destino na mão
Que adianta saber as marés, Os frutos e as sementeiras, Tratar por tu os ofícios, Entender o suão e os animais, Falar o dialecto da terra, Conhecer-lhe o corpo pelos sinais?
E do resto entender mal, Soletrar assinar em cruz, Não ver os vultos furtivos, Que nos tramam por trás da luz.
Ai, Senhor das Furnas, Que escuro vai dentro de nós. A gente morre logo ao nascer Com olhos rasos de lezíria. De boca em boca passar o saber, Com os provérbios que ficam na gíria.
De que nos vale esta pureza, Sem ler fica-se pederneira. Agita-se a solidão cá no fundo, Fica-se sentado à soleira, A ouvir os ruídos do mundo E a entendê-los à nossa maneira.
Carregar a superstição De ser pequeno ser ninguém E não quebrar a tradição Que dos nossos avós já vem.
e-Arquivo de trabalhos resultantes de atividades propostas por Rosalina Simão Nunes, na sua prática pedagógica, na Escola EB 2,3 Dr. João das Regras do Agrupamento de Escolas D. Lourenço Vicente, Lourinhã.
2 comentários:
Ai, Senhor das Furnas,
Que escuro vai dentro de nós.
Rezar o terço ao fim da tarde
Só para espantar a solidão.
Rogar a Deus que nos guarde,
Confiar-lhe o destino na mão
Que adianta saber as marés,
Os frutos e as sementeiras,
Tratar por tu os ofícios,
Entender o suão e os animais,
Falar o dialecto da terra,
Conhecer-lhe o corpo pelos sinais?
E do resto entender mal,
Soletrar assinar em cruz,
Não ver os vultos furtivos,
Que nos tramam por trás da luz.
Ai, Senhor das Furnas,
Que escuro vai dentro de nós.
A gente morre logo ao nascer
Com olhos rasos de lezíria.
De boca em boca passar o saber,
Com os provérbios que ficam na gíria.
De que nos vale esta pureza,
Sem ler fica-se pederneira.
Agita-se a solidão cá no fundo,
Fica-se sentado à soleira,
A ouvir os ruídos do mundo
E a entendê-los à nossa maneira.
Carregar a superstição
De ser pequeno ser ninguém
E não quebrar a tradição
Que dos nossos avós já vem.
Link: http://www.vagalume.com.br/rui-veloso/a-gente-nao-le.html#ixzz2VdVLv1S0
Ai, Senhor das Furnas,
Que escuro vai dentro de nós.
Rezar o terço ao fim da tarde
Só para espantar a solidão.
Rogar a Deus que nos guarde,
Confiar-lhe o destino na mão
Que adianta saber as marés,
Os frutos e as sementeiras,
Tratar por tu os ofícios,
Entender o suão e os animais,
Falar o dialecto da terra,
Conhecer-lhe o corpo pelos sinais?
E do resto entender mal,
Soletrar assinar em cruz,
Não ver os vultos furtivos,
Que nos tramam por trás da luz.
Ai, Senhor das Furnas,
Que escuro vai dentro de nós.
A gente morre logo ao nascer
Com olhos rasos de lezíria.
De boca em boca passar o saber,
Com os provérbios que ficam na gíria.
De que nos vale esta pureza,
Sem ler fica-se pederneira.
Agita-se a solidão cá no fundo,
Fica-se sentado à soleira,
A ouvir os ruídos do mundo
E a entendê-los à nossa maneira.
Carregar a superstição
De ser pequeno ser ninguém
E não quebrar a tradição
Que dos nossos avós já vem.
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