quinta-feira, 30 de julho de 2009

MOODLE, Escolas e Professores - Parte II


Boa Tarde. :)

Cá estou para continuar a descrição daquilo que tem sido a experiência na Plataforma Moodle.


Como alguém diz, no seu testemunho, está-se em permanente (re)construção. E essa será a palavra-chave.


A primeira fase, no entanto, ficou terminada, quando os miúdos começaram a utilizar, muitos diariamente, a Plataforma. E o que tem acontecido é que porque uns usam, os outros também querem usar. Não fossem as questões técnicas de que falo em cima e, provavelmente, mais alunos estariam a usufruir desta ferramenta. Mas essa é uma questão que está relacionada com as condições de trabalho que nos eram dadas e chegou uma altura em que decidi canalizar as minhas energias para aqueles que já faziam uso do Moodle, consciente de que não se pode chegar a todos ao mesmo tempo. :) Infelizmente.

A partir do momento em que o uso passou a ser 'normal', propunha actividades que de alguma forma pudessem ser passíveis de avaliação no domínio das competências de Língua Portuguesa, disciplina que lecciono.

Foi difícil.

Todas as semanas propunha actividades, por exemplo, usando textos para interpretação, imagens / gráficos para análise, temas para escrita. Havia alunos que participavam, mas eram sempre os mesmos e eram poucos.

Paralelamente,foi criado um espaço de debate, com um fórum de conversação, um de dúvidas e chat que funcionava todas as 2ª das 20:30 às 21:30. Sobre esta última actividade, devo dizer que foi uma surpresa. Cheguei a estar com 10 alunos. Conversava-se sobre tudo, inclusive, dúvidas sobre matérias, entrega de trabalhos e muita brincadeira. Até uma encarregada de educação chegou a participar, além de outros colegas que também têm a acesso à disciplina.

Em relação aos Fóruns, considero que sejam um dos espaços mais interessantes, já que os miúdos abrem tópicos e participam. Por exemplo, e falando só do deste ano, foram abertos 22 tópicos, havendo 266 respostas. Sinceramente, não sei se é muito , pouco. A minha sensibilidade diz-me que é bom.

Nalguns desses tópicos, pelas propostas, eram avaliadas as competências da Escrita e Compreensão da Leitura, sendo os alunos informados disso, na abertura do tópico.

Outro espaço que também já existe há dois anos é o repositório de textos que vão sendo feitos nas aulas e mesmo na Plataforma. Foi usado para isso o Glossário e sempre que há textos considerados bons, os miúdos publicam-nos lá, gerindo o seu tempo, e eu, depois, publico-os aqui: http://arquivoe-portugues.blogspot.com/

Mas a questão de usar aquele espaço de forma a que fosse possível desenvolver de forma sistematizada as competências no domínio da língua portuguesa era para mim uma preocupação. Tinha de haver maneira de poder rentabilizar mais...

E parece-me que a frequência do Curso de Mestrado Pedagogia em e-Learning (Universidade ABerta) já me ajudou nesse aspecto. :) O Curso é todo online e é usada a Plataforma. No decorrer das várias unidades, apreendi que tal como no ensino presencial, também ali é necessário estruturar muito bem cada actividade ao pormenor. Tudo tem de estar previsto. Durante o 2º Período, trabalhei no sentido de me ser possível, no 3º, passar a usar nas aulas apenas o computador. Para isso tive de adquirir um projector já que a escola só tinha disponível para circular pelas salas para cerca de 500 alunos um.

Foi um trabalho exaustivo e cansativo, já que as aulas não se podiam ressentir desse esforço, mas consegui. E assim, no 3º Período, já não usei o papel, excepto no respeita o manual, claro.

Está dado o primeiro passo para que no próximo ano também os alunos deixem de usar o papel na sala de aula. Irei planear o trabalho nesse sentido. :)

De qualquer forma, ainda no 3º período desafiei alguns alunos para participarem num projecto que designei de Caderno diário Digital. Eles aceitaram o desafio e houve dois que passaram, inclusive, a levar o computador para a aula. Obviamente, a situação foi explicada aos restantes, que perceberam tratar-se duma experiência que poderia vir a ser alargada no ano seguinte a todos, já que a continuidade pedagógica será, em princípio, mantida. Esses dois alunos pediram-me para fazer o último teste no computador. E eu aceitei com a condição de passarem para o papel se sentissem a mínima dificuldade. Não foi necessário. Fizeram o teste no computador. Eu classifiquei no computador e os resultados foram bons. Mais um desafio...

A propósito do Caderno Diário Digital foi criado na Plataforma um espaço de apoio e um wiki http://cadernosdiariosdigitais.wikispaces.com/ (espaço aberto).

Deste projecto resultaram particularmente interessantes estes dois trabalhos: http://sites.google.com/site/cadernodiariodofuturo/Home, http://sites.google.com/site/pencaneta/ e ainda este http://canettadigital.blogspot.com/ que foi um ensaio de uma das alunas que preferiu depois o uso do site.

Entretanto, já durante o 3º Período, propus duas actividades que tiveram adesão dos alunos. Penso que seja esse o caminho a seguir. :) Podem ser vistas aqui: http://eportuguesrsn.wikispaces.com/Reposit%C3%B3rio+de+Actividades .

Ainda não tive tempo para publicar os trabalhos que resultaram dessas actividades. :) Quando o fizer, aviso.


Bem, parece-me que com esta mensagem, Teresa, dá para ver mais ou menos aquilo que tenho feito e a razão pela qual considero que a Plataforma Moodle seja uma excelente ferramenta de trabalho.

Claro que ainda falta fazer muito e, mesmo que continuem a ser só 90, os minutos que estejam no meu horário para desenvolver este trabalho, não vou deixar de o fazer. Mas também sei que esta minha atitude não nos favorece, enquanto classe, já que ninguém é obrigado a ter esta disponibilidade que eu tenho. Por outro lado, talvez seja bom que aconteça e que se mostre que os professores, todos, trabalham muito mais que as horas que recebem. Porque na minha escola há outros professores que também já usam a Plataforma, não de forma tão sistematizada, mas com muitas horas, também, usadas, além dos minutos...


Paradoxos. :)


Até.

2 comentários:

Rosalina Simão Nunes disse...

Responder até Rosalina Simão Nunes 1 hora atrás
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Alô, Teresa


Há duas coisas - e olha que ainda só fiz uma primeira leitura do que partilhaste - que gostaria de perceber melhor: a questão de deixar dois alunos trazer o computador (para mim é e sempre será um problema se as tic criarem diferenças, ou o trabalho que eu faço com eles é preparado para que todos tenham as mesmas condições e depois as diferenças surgem com a motivação e empenho de cada um, ou a falta dela ou então não faz muito sentido e acaba por colocar problemas na avaliação)...

Percebo perfeitamente aquilo que dizes. :) Pode ficar a sensação de que estão a ser criadas diferenças. Não estão. Afinal elas já existem. O que se fez foi uma experiência com o objectivo de no próximo ano alargar aos restantes.

Eu agora posso dizer: foi feito, trouxe vantagens, portanto arranjem-me condições. Outro aspecto que foi trabalhado e que não referi foi a disposição da sala: durante um mês, antes das aulas começarem, eu 'arrumava' a sala para que as mesas estivessem dispostas de forma a que os alunos pudessem estar a trabalhar em grupo. E no final, as mesas eram de novo colocadas como estavam. Só me foi possível, fisicamente, fazer isso durante um mês, mas tenho o registo das vantagens. Por isso agora, vou 'pedir' que essa disposição seja usada, sem que eu tenha de fazer isso.

Rosalina Simão Nunes disse...

Garanto que não houve qualquer diferenciação entre os alunos. Ela já existe, por natureza, como digo em cima, e contra isso nem eu nem tu podemos fazer nada, a não ser minorizá-las. Claro que podemos dizer que não fazemos porque não podem participar todos. Mas isso é baixar os braços. Eu não os baixo, mesmo que a Escola não me dê todas as condições. Mostro que é possível e que havendo vontade e condições todos podem usufruir. Além do mais esse projecto foi desenvolvido em duas turmas do 8º Ano. Existia continuidade pedagógica. Existia confiança. E tudo foi explicado e, mais importante, percebido. :) Não houve reclamações. :)))) Antes pelo contrário, houve partilha, já que, naturalmente, aqueles que estavam a desenvolver o projecto foram mostrando aos outros o que iam fazendo.

A sensação com que fico é que havia duas professoras Rosalina :-) a que dava as aulas ditas normais (para o comum do sistema de ensino?? será? eu cá detesto esta coisa da normalidade mas também te digo que me sinto um bocadinho "anormal" eheeheh) e a que fazia um esforço suplementar - e eu sei a que te referes também porque as pessoas costumam perguntar-me como é que eu faço o que faço e eu penso... "só eu sei..." ;-)).

Não há duas Rosalinas, mas tem de existir o cuidado de evitar que os alunos sintam, e acima de tudo, façam eco do facto de estarem na sala de aula comigo de maneira diferente. :) Não seria, de todo, positivo e frutífero. Por isso a necessidade de tornar tudo o mais 'normal' possível. Não se podem / devem criar fissuras numa Escola.
Isso só seria negativo para o sistema e é nele que estamos a trabalhar. Mudar, sim, inovar, sempre, mas não podemos ser responsáveis por criar nos outros que não fazem como nós a sensação de desagrado, porque senão, nada disto vale a pena. À partida é uma batalha perdida.

O processo é lento. Por isso não há qualquer vergonha. Aliás, dou sempre as aulas com a porta aberta. Tenho é o cuidado de evitar constrangimentos o que mesmo assim é sempre difícil.

Quanto à avaliação, pois. Um problema e bicudo. No entanto, neste ano a questão das aulas assistidas seria apenas para quem quisesse o Excelente. E o Excelente só traz vantagens para acelerar o processo no que respeita ao Concurso a professor titular. Ora, eu já tenho tempo de serviço suficiente para me candidatar a professor titular. No entanto, quando se discutia a avaliação, antes de sabermos dessa circunstância do Excelente, numa reunião, perguntei à Coordenadora se ela se sentia com competência para me avaliar. Ela corou, antes de responder, (e estamos a falar de uma pessoa que tem já 60 anos), mas depois disse que não. Perguntei-lhe, então, como ia avaliar. Não respondeu.

Por isso, Teresa, avaliação nestes moldes é tudo menos uma avaliação séria. Aliás, aquilo que relatas que se passou contigo, só confirma esta ideia.



Boas férias, também. :)


R.