sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

(...) [Alguém]garantiu (...) que nenhum professor (...) [algures] foi obrigado a participar no desfile de (...). Sublinhou, no entanto, que o cortejo teria forçosamente que sair à rua.

Imaginemos que alguém tenha proferido estas declarações.
Analisemos.

Partindo do princípio que há intenção comunicativa, e tem sempre de se partir desse princípio, importa saber que intenção tem o sujeito enunciador que declara, numa primeira fase, que nenhum professor foi obrigado a participar no desfile de (...). Depreende-se que, segundo esse sujeito, todos os professores foram livres de optar.

Logo, não se percebe, depois de uma declaração destas , que o mesmo sujeito enunciador afirme a imperiosidade de realização do cortejo. Até porque as duas ideias estão ligadas por uma locução coordenativa adversativa .

Das duas uma:
  • Quem fizesse tais declarações pensaria que, quem as fosse ler, seria suficientemente estúpido para acreditar nelas. E esses seríamos, nós, os leitores/ouvintes.
  • A segunda hipótese seria a inversa. Isto é, quem declarasse tal deveria ser suficientemente estúpido para pensar que nós leitores/ouvintes acreditaríamos.

E ainda há uma terceira, que pelo paradoxo, não sei se não será a mais credível: quem falasse/escrevesse assim teria um défice cognitivo grave.

E uma vez mais e pela segunda vez no dia, esta situação me fez pensar em mim. A propósito da organização de duas visitas de estudo, solicitei o seguinte esclarecimento à Direcção Regional da área da Escola onde exerço a minha actividade:

  • Pela legislação em vigor, Lei n.o 13/2006 de 17 de Abril, e de acordo com o ponto 2 do artigo 8º, o transporte colectivo de crianças deve ser assegurado, além do motorista, pela presença de 2 vigilantes, tratando-se de um veículo que transporte mais de 30 crianças ou jovens.
  • Assim, solicito esclarecimento sobre a identificação dos agentes educativos que devem desempenhar as funções de vigilantes, uma vez que, pelo contexto legal, tal não se aplica aos professores.

O pedido foi feito no dia 16 do corrente mês e até hoje ainda não tive resposta.

On verra...

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E já agora, quando é que o Presidente da República age para pôr cobro ao caos ditatorial que perpassa pelo país em que foi eleito democraticamente?
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3 comentários:

Alien8 disse...

Rosalina,

Não percebo o teu problema.
É raro, mas não percebo. :P

Primeiro, há que considerar que "desfile" e "cortejo" não são necessariamente a mesma coisa. Por exemplo, nunca ouvi falar em "desfile fúnebre"... :)

Depois, o cortejo pode muito bem saír sem professores. Digamos, apenas com alunos. Se não pode, então os professores ou participam voluntariamente ou foram obrigados, perdão, voluntários à força. :)

Terceiro, o cortejo pode ainda saír com 0 (zero) participantes. Bem sei que não se notaria, mas é uma possibilidade matemática... e lembra-nos a sempre interessante história "O rei vai nu"... :)

Quarto, as inteligentes pessoas da DREN poderiam muito bem ir no cortejo, até mesmo constituí-lo. Afinal de contas, é Carnaval e, nos cortejos, não devem faltar os Cabeçudos :)

Perante estas opções, não há locução coordenativa adversativa que te valha! :P

Ah, e estás à espera que o Cavaco aja...? Podes esperar sentada. Como se estivesses a ver o cortejo :P

(A sério, percebo esta tua última pergunta, e o resto também, e o teu discurso está muito bem elaborado, mas é sexta à noite e o Carnaval aproxima-se... enfim, detesto o Carnaval! Que se há-de fazer?).

Um beijo.

Rosalina Simão Nunes disse...

Não detesto, mas há muito, talvez desde miúda, que não gozo o Carnaval.
Tem servido sempre para carregar baterias. :)

Rosalina Simão Nunes disse...

ah.... E obrigada pelas palavras sobre o discurso. ;)