As minhas ideias pessoais, sobre o que quer que seja, começam por se formar, na maioria dos casos, a partir da minha experiência. O Ensino a Distância faz parte dessa estatística.
Tive o meu primeiro contacto com o Ensino a Distância, quando decidi adquirir o Curso Básico de Psicologia - CEAC. Já estava a leccionar, e considerei que era necessário aprofundar os meus conhecimentos nessa matéria. Li, na altura, o Guia do Aluno, de fio a pavio, como se costuma dizer. E agora que o releio para fazer esta pequena reflexão, verifico que deveria estar bastante entusiasmada, dado os vários aspectos do Guia estarem sublinhados e anotados. No entanto, e apesar dos 4 anos que me foram dados para a conclusão do Curso, não o terminei. Já nem me recordo se cheguei a enviar algum teste. Sei que li alguns capítulos salteados das várias unidades didácticas, pois estão, aqui e ali, anotados. Mas não foi, de facto, concluído.
Na altura, achei que aquele método não se adaptava a mim. O que não deixava de ser estranho, dado que, pela descrição apresentada no Guia, considerei ter o perfil para ser um aluno do Ensino a Distância.
Recordo os tópicos que constam do Guia, quando se caracteriza o método: Flexível / Prático / Estimulante e Personalizado.*
O facto de não ter concluído o Curso, não teve qualquer relevância, isto é, não fiquei decepcionada e recorri várias vezes aos textos para aprofundar algumas temáticas. É certo, também , que não registo na memória nenhuma tentativa explícita dos responsáveis para que eu, durante os 4 anos, correspondesse àquilo que supostamente era pretendido.
Entretanto, em 1996, fui chamada para fazer a profissionalização em serviço pela UA - seria a segunda experiência com o Ensino a Distância. Dessa época, ficaram-me poucas memórias do contacto com os professores. Achei o método muito frio, isto é, excessivamente distante dos alunos, ainda que houvesse o recurso às emissões na RTP2, não tendo existido qualquer interacção entre os vários estudantes que faziam a profissionalização. Só nos encontrámos nos dias dos vários Exames. Qualquer esclarecimento que se pedisse, por telefone, tinha dia e hora pré-definidos; por correspondência, creio que era, apenas, através do envio de testes formativos que depois me eram enviados com observações. Fazendo agora uma retrospectiva, não deixa de ser interessante sublinhar o facto de ter apenas tentado o contacto telefónico uma ou duas vezes. O uso do telemóvel ainda era um luxo e, sem telefone em casa, tinha de recorrer aos CTT para telefonar. Estávamos no Ano Lectivo de 96/97.
Portanto, e, apesar de se ler no
Guia do Estudante de Junho/95 que o facto do regime de auto-aprendizagem se enquadrar no sistema de ensino, por via da relação institucional entre este e o estudante, sendo traduzida na existência de um acto formal de inscrição, ser motivo para "
distinguir entre um regime de ensino a distância e uma situação de puro auto-didactismo", o que é certo é que eu me senti sempre como "
alguém que compra numa data livraria uma dada obra de conteúdo científico ou técnico e decide estudá-la pelos seus próprios meios, sem intervenção de qualquer pessoa ou entidade."**
E este aspecto faz-me, de novo, e curiosamente, fazer a mesma afirmação que antes, a propósito do perfil de um aluno de ensino à distância. Lendo os Conceitos subjacentes, parece-me que eu deveria ter o perfil para este tipo de ensino. Então, o que terá falhado na minha relação inicial com o Ensino a Distância?
Se é certo que, nesta segunda experiência, conclui o curso - fiz a profissionalização - apenas uma das cadeiras me entusiasmou ao ponto de ter tirado 17, nas restantes, os resultados foram, apenas, sofríveis.
Tenho procurado, nesta reflexão, tentar perceber a razão de tal facto, até porque o Curso
Mestrado em Pedagogia do E-Learning da UA é Ensino a Distância, e, até agora, não senti
frieza, nem distância ou, sequer, falta de motivação.
E as razões talvez sejam as seguintes:
1ª - Neste processo, frequência do Curso Mestrado em Pedagogia do E-Learning, estou em regime de puro voluntariado, o que vai ao encontro do que se lê no
Guia do Estudante de Junho /95, quando, para justificar que "a aplicação de ensino à distância seja totalmente vedada a crianças e fortemente desaconselhada a camadas muito jovens de estudantes", em síntese, se lê:
...
é lícito considerar que o regime de puro voluntariado, sem sujeição a qualquer espécie de pressões exteriores, deveria estar intimamente associado à frequência de qualquer curso em ensino a distância.**;
2ª - A segunda razão prende-se com o funcionamento do Curso, tal como está previsto no
Guião:
- Totalmente online utilizando a plataforma de elearning em uso na Universidade Aberta e um conjunto diverso de outros recursos Web (Web 2.0, etc). Sublinhando, desde já, a importância do Módulo de Ambientação, bem como a existência de um Contrato de Aprendizagem em todas as Unidades Curriculares.
Isto é, apesar da ausência de presença física e ainda que recorrendo a tecnologia, não tenho qualquer dúvida em afirmar que, hoje, o
Ensino a Distância está mais humanizado. E talvez seja essa a diferença.
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Notas
*Guia do Aluno, CEAC
**Guia do Estudante, UA, Junho /95