quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007


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por Karen Blixen, África Minha,

pág. 161, Colec. Mil Folhas, Público



Eu continuava a cavalo enquanto ele falava comigo, a fim de acentuar que não se tratava de um convidado, pois não me apetecia tê-lo a jantar comigo. Mas à medida que ele ia falando, vi que não esperava ser convidado, pois não tinha fé na minha hospitalidade nem no seu poder de persuasão, e que era uma figura solitária ali no escuro, à porta da minha casa, um homem sem um amigo que fosse. Os seus modos calorosos destinavam-se não a salvar a sua própria face, o que estava fora de questão, mas a minha, pois se agora o mandasse embora isso não seria uma falta de gentileza da minha parte, mas qualquer coisa de justo. Na sua atitude havia a cortesia de uma animal acossado. Chamei o meu Sice para levar o pónei e desmontei.

- Entre, Emmanuelson - disse-lhe. - Pode jantar aqui e passar cá a noite.


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o constrangimento que os outros nos fazem sentir tantas vezes altera, outras tantas, as nossas decisões.

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