queria chorar...apetecia-lhe lavar os olhos com lágrimas. há tanto tempo que não o fazia. a última vez tinha sido quando o avô morrera. que dor. fora a primeira vez que sentira, deveras, a dor da perda. eram tantas as saudades que já tinha...e ainda há poucas horas ele partira.
ia a caminho do trabalho, quando a mãe, com a voz embargada de dor, lhe telefonara a dizer o que tinha acontecido: "rosi...o avô morreu." rapidamente a estrada deixou de estar nítida. as curvas deixaram de existir...e a memória de outros tempos percorreu-lhe o corpo.
tinham sido tantas as palavras, os momentos partilhados. não queria que o avô tivesse morrido. por isso fingiu, durante breve segundos, que aquele telefonema não tinha acontecido. e continou a ouvir a rfm. depois, como uma vaga...teve de parar. as mãos tremiam. os olhos não deixavam de chorar. teve de parar o carro.
saiu. gritou. quis voltar atrás no tempo e abraçar o avô. tantas vezes, quantas as que fossem necessárias para que ele se sentisse confortável.
que dor.
que solidão.
que angústia.
e as lágrimas caíram, outra vez.
9 de janeiro de 2006
5 comentários:
Penso que ficamos sempre com essa impressão de que podiamos ter dito mais, mostrado mais. humano.
Um beijo, r.
A sensação de perca leva-nos sempre à angústia pelo "não feito", pelo "não dado", pelo "não sentido". É intrínseco à natureza humana.
Uma boa noite
exacto, abssinto e claudynius.
e sabem, ainda bem que assim é. dessa forma conseguimos medir a nossa real humanidade: somos efémeros. :)
terrivel e repetível vezes sem conta:/
beijinhos
e aprendemos assim, cristina, com a dor. a perda.
beijinho.
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