escolhas
era sempre naquela altura que o pedro mais pensava no pai. Como era bom quando o pai estava: ele chegava e a casa ficava logo mais pequena. era a voz, a maneira de andar, os gestos...até aquele tique de mexer constantemente no bigode enquanto ouvia alguém falar.
mas agora o pai não ia voltar.
a mãe dissera-lhe que ele tivera um trabalho urgente e tinha de estar longe por alguns anos. e, no entanto, o pedro, sem saber muito bem porquê..., não acreditava na mãe. já não seria a primeira vez que ela mentia...também que importava, ele tinha de se habituar à ideia de um dia ficar sozinho! pelo menos todos lhe diziam isso: que para ser um homem tinha de ser sozinho e forte...e tinha o tal trabalho de ser logo na altura do natal que era quando o pai passava mais tempo em casa; brincava com ele; levava-o a passear no carro velho com aqueles barulhos tão estranhos?!...
não conhecia o patrão do pai, mas já não gostava dele. quando o conhecesse havia de saber qual era o seu carro e depois furarava-lhe os pneus.
talvez a mãe estivesse mesmo a mentir e aquela fosse outra das zaragatas entre eles. sim, era isso. tinha de ser isso. preferia ouvir gritos, gente zangada, do que não ter o pai em casa no natal...
6 comentários:
Há situações de facto às quais nunca nos acostumamos!
É por situações como esta que eu não consigo conceber a adopção de crianças por casais homossexuais. Posso até ser antiquado, bota de elástico, o que me quiserem chamar!...Mas não cabe dentro dos limites da minha compreensão.
Um resto de boa tarde-noite
triste....
:(
beijinho
e ainda bem, mfc.
é, claudynius, essa é daquelas situações que é difícil de compreender. mas sabes, acho, que mais cedo ou mais tarde vai passar a fazer parte do nosso dia-a-dia.
pois é cristina. eu sei. mas gosto traz-me lembranças. foi criada com base na história de um ex-aluno...é verdade, provavelmente, já será pai.
beijocas.
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