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(...) Indolentemente deitado, sonolento mas atento, contemplava extasiado os jogadores de cricket, enquanto o seu espírito, rápido, veloz, hábil e voraz como a língua de um camaleão, percorria todos os contornos das frases latinas, sem por isso deixar de desejar que a pessoa amada, a única pessoa amada, viesse sentar-se a seu lado. (pág.197)
(...)Gosto de ver as coisas sob o seu aspecto abundante, informal e superficial, não muito inteligente, mas extremamente fácil e um tanto áspero. Gosto de ouvir as conversas dos homens reunidos nos clubes e nos bares; das palavras trocadas por mineiros seminus; gosto da gente completamente isenta de pretensões, sem outra finalidade na vida além do jantar, do amor, do dinheiro e de uma existência tolerável, gente que não tem grandes esperanças, ideais ou qualquer coisa do género e cuja única ambição é desembaraçar-se sem grandes aborrecimentos. (pág. 198)
(...)Susan nasceu para ser admirada pelos poetas, pois os poetas necessitam da segurança; de uma mulher que permaneça sentada a costurar, que ame e odeie apaixonadamente, não seja particularmente rica ou confortável e se harmonize pelas suas qualidades com a simples e elevada beleza, o estilo que os poetas tanto admiram. (pág. 199)
(extractos de As Ondas - Relógio d'Água - de Virginia Woolf)
12 comentários:
Focalizando a minha atenção apenas no 3º parágrafo "(...)Susan nasceu para ser admirada pelos poetas, pois os poetas necessitam da segurança; de uma mulher que permaneça sentada a costurar, que ame e odeie apaixonadamente..."; não posso deixar de parafrasear a própria Virginia Wolf «o poema é uma parte muito sensível do meu corpo»
bjs e uma boa noite
Amanhã comento, hoje não há condições.
eu fico-me pelo segundo, brilhante. e eu concordo;)
beijocas
Voltei:)
A que me identifico mais é a 1ª:)
Gostei bastante, não conhecia.
Sou mais pelo desembaraçar-se sem grandes complicações...
Um bom dia Rosalina :))
Beijosssss
...eu prefiro os parágrafos da pag. 74, vão mais com a minha cor de mente...
:)
o segundo parágrafo é, de facto, genial, cristina.
beijocas.
e por que razão não me admiro, wind?
'brigada, sabr.
olá, jotabê...
ora explica aí o qual é a tua "cor de mente".
é saudável desembaraçarmo-nos assim, tuché.
bom dia.
citando a própria Virginia Wolf, claudynius, enriqueces a minha transcrição.
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