quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

ainda era cedo

era cedo. de manhã custava sempre a levantar. o frio lá fora era intenso e as pernas recusavam-se a saltar debaixo dos lençóis. seria preguiça, talvez...mas, naquele dia, era, também, um medo imenso do que lá estava fora à espera.
todos aqueles meses à espera...tanta ânsia esgotada...tantos nervos, noites mal dormidas.
mas tinha de ser. o duche já estava atrasado e a boleia, de certeza, que não esperava.
pensava agora no trânsito de todos os dias...era tanto pela manhã! e as pessoas?!
havia gente que via todos os dias e cujos sorrisos jamais se tinham mostrado.
que preguiça...
o primeiro cigarro matinal ia queimando por entre as notas musicais saídas das colunas do rádio...
as gargalhadas dos locutores que não deixavam enganar alguma nostalgia...
rotina.
aquele dia ia ser diferente.
tinha de lá ir. afinal era por aquilo que esperava há tantos meses!
talvez o encontrasse, talvez ainda pudessem falar.
talvez fosse ainda viável um reencontro...
não. seria, certamente, de novo, o pesadelo: as esperas que nunca terminariam. os silêncios que jamais seriam interrompidos...
tinha de se levantar.
já estava atrasada.
o duche já estava à espera.
o café com o cigarro teriam de ficar para tarde.

7 comentários:

Nilson Barcelli disse...

Fiquei sem saber qual era o motivo do teu medo.
Tem continuação?
Beijos.

Anónimo disse...

o (re)começo não deveria existir. isto porque a (re)memória estará lá presente par um inevitável (re)afastamento, sempre mais sombrio, masi penoso, sempre mais...

:(

XX

Anónimo disse...

Todos os dias temos que nos levantar...E voltar a deitar...e levantar outra vez... Se calhar até percebo os fumadores neste ponto. É um escape(?).

beijo

Rosalina Simão Nunes disse...

não era o meu, nilson. era o da personagem. ;)

quanto à continuação...acho que não. as minhas histórias são sempre pequenas.

preciso de tempo e espaço para ler as dos outros. são tantas...

Rosalina Simão Nunes disse...

concordo, joatabê. eu não sei o que é recomeçar, confesso.

Rosalina Simão Nunes disse...

no meu caso, abssinto, comecei a fumar, quando me apercebi que também tinha que estar com as outras pessoas...e nos momentos vazios em que as esperava tive de começar a fazer alguma coisa...pois comecei a gostar.

provavelmente, um dia destes, deixo de fumar.

Rosalina Simão Nunes disse...

é verdade, não é, fernando, nós, às vezes, fazemos cada disparates...mas, olha, por enquanto, dá-me prazer. depois veremos.