de manhã, quando acordei, as flores que me tinhas dado, todos os dias, haviam ficado esquecidas, na jarra, sem água.
agora secas.
agora vazias.
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(imagens: telas de Isabel Cristina Lamas)
(imagens: telas de Isabel Cristina Lamas)
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(...) O melhor é ires jantar num lugar tranquilo, ocupares-te mentalmente imaginando, erradamente, a vida pobre do empregado que te serve, pagares a conta e partires. Nem te perguntes sequer se vais conseguir. Tu não vais conseguir.
Se quiseres espreita só dentro de ti. Lá está ela a olhar-te e logo a fugir com os olhos de asas a bater. E tu, encantado, a passeares num canto do seu sorriso. Mesmo a tocares-lhe no cabelo desfeito, a agarrares-lhe no crânio. E no resto da memória chegam murmúrios que se guardam sem palavras. Não queiras mais. Mesmo que quisesses o que saberias? Guarda-a dentro de ti ciente de toda a inutilidade que nisso há.
Se quiseres podes telefonar, mas só de vez em quando. Ela não vê a cara que tens e podes controlar melhor a tua voz. Manda-lhe flores, estrelícias e antúrios em particular, mas não mandes mensagens. Deixa de existir. Porque não interessa o que dizes. Interessa só que queiras dizer alguma coisa e que essa alguma coisa não tem importância alguma. Não tentes explicar, diz que estás doente, diz que é verdade. Faz de conta que não sabes. Não sejas injusto e sobretudo tem piedade de ti.
(in "Paula", A Noiva Judia, de Pedro Paixão)
4 comentários:
Flores, são sempre flores...
Bom dia, hoje é o nosso dia e o meu já começou bem :)
Um beijo enorme
é, tuché. o texto do pedro pediam mesmo estas. :)
uma boa semana para ti.
fantastico, o último parágrafo! :))
beijinhos
estamos de acordo, cristina. ;)
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