domingo, 3 de fevereiro de 2008

Escreve o Público, a 30.01.2008:

Admissão de alunos é feita segundo a sua origem socio-económica
Estudos sobre selecção de alunos nas escolas públicas foram hoje divulgados no Parlamento


Lido o artigo, passei à leitura dos comentários. Destaque para este:

"02.02.2008 - 20h32 - Rosa Dias, Localidade, País
Cresci na provincia, no primerio dia da pré-primária outros alunos encostaram-me uma faca ao pescoço para explicar-me quem mandava ali, na primeira classe tinha colegas de todo o tipo, desde meninas bem comportadas que não se mexiam sem pedir licença até filhos de toxicodependentes de saltavam pela janela da sala e corriam por cima das mesas, depois no 2ª, 3ª e 4ª ano tive colegas de bairros sociais, uns bem comportados, os outros desordeiros e caóticos. Fui amiga de todos, até ajudei a passar alguns colegas com explicações que lhes dei. No 5º e 6º ano convivi com mais alunos de bairros sociais, que vinham com fome, filhos de pescadores segregados, sem vontade de estudar e com os quais saía para brincar no recreio e com quem aprendi muito. No 7º, 8º e 9º conheci colegas do campo, que se levantavam muito cedo e por isso estavam sempre cansados, conheci colegas ricos, pobres, conformados, rebeldes, caóticos, certinhos. Uns que não gostavam da escola, outros que a suportavam, outros que gostavam muito. eu pessoalmente sempre gostei e nada que fizessem os meus colegas foi impeditivo de aprender. Acabei o 12ºano com média de 18 valores em Ciencias. Ingressei no curso superior que pretendia e agora estou a acabar o mestrado em Cognição Social Aplicada. Nunca me senti prejudicada pela presença de colegas com diferentes aptidões, motivações, contextos sociais e até valores e mentalidades (as meninas bem que segregavam os alunos que não tinham roupas de marca). Esta diversidade deu-me CULTURA, TOLERANCIA, HUMANIDADE, valores que não se aprendem nas aulas mas no convivio de diferentes realidades sociais e humanas. Os meus colegas de certo que aprenderam tanto como eu, cresceram tanto como eu. A escola não é só para aprender matemática, é a indispensável socialização secundária do ser humano. Uma socialização apartaid é propicia ao desenvolvimento de estereotipos e preconceitos, de uma sociedade conflituosa e dividida. Uma sociedade evoluida ensina os seus jovens a conviver com cores, credos, classes e aptidões diferentes. Mas nem todos foram educados para a tolerancia como eu. Esses pais que continuam a querer proteger os filhos do mundo, não permitindo que convivam com as crianças da sua geração e querendo limitar os seus amigos aos meninos aprovados pela 'ASAE' lá de casa, essa gente não tem noção nenhuma do que é ser um humano pleno e desenvolvido. Só tenho a dizer...que pena. Se calhar esse puto que não deixaram vir lá a casa porque era cigano e vivia num bairro social, ou que fazia asneiras na sala de aula, ou batia na professora...vai ser o próximo Cristiano Ronaldo que agora todos gostam. As pessoas não se medem pelas classes ou rendimentos económicos, especialmente as crianças. Por mim sancionava já todas as escolas que estivessem a promover este apartaid social."


_________________

Cognição Social Aplicada

Cognição?! Social?! Aplicada?! E isto serve para quê?!...

.
.
.

Sem comentários: