terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
Alguém
Alguém me diga mais, alguém me ofereça
O silêncio em madeira trabalhada;
Alguém me mostre a ponte que atravessa
Os rios que vão dar à madrugada.
Alguém, sem telefonar a ver se estou,
Me toque à campainha da loucura
P'ra me contar a história do que sou,
Ponto por ponto, em filme de aventura.
Alguém me invente um semáforo do medo,
Alguém me explique esta cidade estranha
Onde em cada jardim mora um segredo
E em cada apartamento há uma montanha.
E à noite, quando as sombras são mais frias
E os fantasmas desenham a ilusão,
Ria de mim, das minhas fantasias
E dê a sua voz à minha mão.
(O Despertar dos Verbos, Edium Editores)
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
sábado, 18 de fevereiro de 2012
Alma de jornalista
Diz Manuel António Pina, numa entrevista ao i: "Uma coisa que eu aprendi no jornalismo é a humildade. Se conhece
escritores, sabe que normalmente são tipos que acham que é fundamental
aquilo que escrevem. No caso do jornalismo, como sabemos que aquilo que
escrevemos no dia seguinte está a
embrulhar o peixe, não é assim. No jornalismo aprendi essa humildade
fundamental. Tenho de escrever, nas minhas crónicas, 1400 caracteres, o
morto à medida do caixão – agora tenho-lhes metido o IVA, como aumentou,
escrevo 1420. E meti-lhe o IVA baixo. Depois de escrevermos uma coisa, o
coordenador corta e altera o título. O jornalismo é um trabalho
colectivo. Isso dá-nos uma grande modéstia. O Luiz Pacheco dizia que
daqui a cem anos ninguém se lembra. Qual daqui a cem anos... Mesmo na
altura já ninguém se lembra. Os escritores têm muita dificuldade em
aceitar que tudo acaba por se esquecer. Tudo tende para o esquecimento.
Mas há mais relações, o jornalista aprende com o escritor o respeito
pelas palavras, sabendo que há palavras que se dão com as outras, e
outras não. Não calcula o tempo que demoro a escrever aquela merda com
1400 caracteres. Leio aquilo tantas vezes... Volto atrás e vou para a
frente. Só a trabalheira de arranjar assunto. Eu espontaneamente só
tenho opinião uma vez por ano, agora tenho de ter todos os dias porque
ganho a vida assim. Nunca leio o que escrevi no dia seguinte, porque se o
faço fico completamente frustrado."
Destaquei este excerto, pela importância que todos os dias dou à escrita, mas toda a entrevista deve ser lida. Vale a pena a lucidez. E a história contada a propósito de Sampaio é deliciosa! Claro que eu nunca daria àquela entrevista o título que lhe deu o jornalista. Mas eu não sou jornalista.
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
sábado, 11 de fevereiro de 2012
Dádiva
é uma dádiva.
e todos os dias o imagino ali. e todos à espera: os pombos e ele. o momento da dádiva, pleno e cheio de generosidade.
(foto de: Luis Macedo Tavares)
Os encantos do Facebook
Transcrevo para aqui um desabafo efetuado no Facebook, no dia 7 de Fevereiro.
Na Internet tudo é efémero, ainda que tudo deixe também a sua marca. No facebook, a sensação que tenho é a de que as palavras rapidamente são esquecidas. Aqui (blog), as "coisas" ficam guardadas. E estas palavras quero-as dessa forma:
Um dos encantos que encontro no Facebook é o facto de me permitir
desabafar, formulando raciocínios, tipo interrogações retóricas, que
poderão ou não ter algum feedback, mas que sei que alguém vai ler mesmo
que sejam pessoas com as quais não me cruze no mundo real. E pode haver
interação ou apenas um gosto de alguém que mostrou entender-me e que
comigo partilha o desabafo ou alguém que o discute comigo, dando-me a conhecer outra perspetiva.
Eu gosto disso! Ora o que me traz aqui é uma incoerência. Pelo menos do meu ponto de vista.
Eu sou professora de Língua Portuguesa. Do programa, faz parte um conteúdo, no âmbito do estudo de modelos de escrita: a ata. Quando se trabalha esta matéria, são apresentadas aos alunos a definição e estrutura de ata. Ou seja, informa-se os alunos que a ata é um tipo de texto que deve registar, resumidamente, as ocorrências , deliberações, resoluções e decisões das reuniões. Deve constar, inicialmente, uma ordem de trabalhos que deve ser respeitada. Ou seja, a ata é uma espécie de "radiografia" do que se passa numa reunião. É designando um secretário que é o responsável pela redação do texto que deve ser aprovada pelos participantes na reunião. Eu "ensino" isso aos alunos e costumo, geralmente no 9º Ano, a partir de reuniões que os alunos têm de fazer para a realização de trabalhos, pedir que façam atas. Textos com uma estrutura própria, mas textos construídos por eles.
Ora, agora, nas escolas, a moda é criar modelos "fixos" de atas. Ou seja, formalizam-se documentos de preenchimento e o que o secretário tem de fazer é preencher aquilo. Mas depois assina como tendo sido ele o autor do texto.
Claro que muitos acharão este desabafo um perfeito disparate. Um preciosismo da minha parte.
Mas faz algum sentido, na mesma escola onde explico aos alunos que ata deve ser assim, depois ser "obrigada" a preencher um documento? Que se assuma que é da responsabilidade do diretor de turma o preenchimento do formulário. Porque, para um professor de Língua Portuguesa, fazer aquilo a que se chama ata, nestas circunstâncias, é uma incongruência. Tem de ser. Para além de que quem preenche o formulário assume a autoria de um texto que não é seu.
Eu gosto disso! Ora o que me traz aqui é uma incoerência. Pelo menos do meu ponto de vista.
Eu sou professora de Língua Portuguesa. Do programa, faz parte um conteúdo, no âmbito do estudo de modelos de escrita: a ata. Quando se trabalha esta matéria, são apresentadas aos alunos a definição e estrutura de ata. Ou seja, informa-se os alunos que a ata é um tipo de texto que deve registar, resumidamente, as ocorrências , deliberações, resoluções e decisões das reuniões. Deve constar, inicialmente, uma ordem de trabalhos que deve ser respeitada. Ou seja, a ata é uma espécie de "radiografia" do que se passa numa reunião. É designando um secretário que é o responsável pela redação do texto que deve ser aprovada pelos participantes na reunião. Eu "ensino" isso aos alunos e costumo, geralmente no 9º Ano, a partir de reuniões que os alunos têm de fazer para a realização de trabalhos, pedir que façam atas. Textos com uma estrutura própria, mas textos construídos por eles.
Ora, agora, nas escolas, a moda é criar modelos "fixos" de atas. Ou seja, formalizam-se documentos de preenchimento e o que o secretário tem de fazer é preencher aquilo. Mas depois assina como tendo sido ele o autor do texto.
Claro que muitos acharão este desabafo um perfeito disparate. Um preciosismo da minha parte.
Mas faz algum sentido, na mesma escola onde explico aos alunos que ata deve ser assim, depois ser "obrigada" a preencher um documento? Que se assuma que é da responsabilidade do diretor de turma o preenchimento do formulário. Porque, para um professor de Língua Portuguesa, fazer aquilo a que se chama ata, nestas circunstâncias, é uma incongruência. Tem de ser. Para além de que quem preenche o formulário assume a autoria de um texto que não é seu.
Pronto, desabafei.
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