Hoje li, vi e ouvi muita 'coisa' no Facebook. Algumas comentei, outras discuti, outras partilhei. Outras houve a que não liguei e ainda temos aqueles casos de que Gostei (apenas...).
Neste momento, se for ao meu mural, já não são essas 'coisas' que estão lá visíveis. Teria que ir ao meu perfil e procurar no fundo da página por elas. Algumas já estarão quase, quase a pertencer às publicações antigas. E depois, muito rapidamente, passarão a pertencer ao Arquivo do Facebook que eu não irei consultar porque, às tantas, já não tenho tempo nem memória para isso.
Mas há partilhas que se fazem ali que eu gostava de guardar e de poder consultar, em minutos, sem ter de calcorrear murais ou perfis. E, por isso, hoje aqui estou. Também para publicar, também de forma efémera. Também "carpe diem", e, no entanto, com a possibilidade de guardar como quero e onde. O blog dá-me essa liberdade.
O que passarei de imediato a transcrever foi escrito por um amigo, no Facebook. Partilhou com os seus amigos um momento do seu dia. Foi uma lição de vidas. Umas horas antes, outro amigo partilhou esta maravilha. Juntei os dois e aconteceu este post. Sugiro a leitura do texto que se segue ao som de The Cinematic Orchestra - That Home.
Hoje vi isso. Como sabem, almoço numa cantina a preço módico. Trata-se de uma associação de trabalhadores, de um certo ministério que tem uma cantina. Celebrou protocolos que permitem que outras pessoas, como eu, lá vão almoçar. Pessoas no activo e reformadas de vários ministérios.
Alguns reformados são extremamente chatos, sempre com implicações e complicações, já meio perdidos nos seus pensamentos e de pouca ligação ao mundo. Vão com as suas sacas, pedem mais arroz ou menos couve, sempre chatos mas simpáticos, quando algum de nós, dos novos, fala com eles. Pagam muito pouco pela refeição, perto de 2 euros, suponho. Alguns precisarão daquela comida a esse preço, outros poderiam pagar mais, não sei ao certo. Mais importante é que aqueles ginjas chatos, que só fazem a fila atrasar e que originam que eu diga serem as empregadas especialistas de geriatria com a paciência que têm com aquelas criaturas insuportáveis, com os seus oitenta e tal anos alguns, bengalas e mãos a tremer que entornam sopa no chão, têm aquela rotina, aquela ligação ao mundo, uma vez por dia. Quem já lidou com velhos sabe como a rotina é importante para eles e que se é quebrada se instala o caos.
Hoje, na fila para comprar a senha, ouvi a senhora que vendia avisar uns reformados "Hoje é o último dia. A partir de sexta-feira só podem comer aqui os reformados deste ministério. A Segurança Social não dá mais dinheiro." .
Já tinha ouvido zunzuns há uns tempos, esperava até ser eu excluído, mas não. Foram os velhos de outros ministérios.
O almoço estava bom mas soube-me a amargo. Vou almoçar mais à vontade, não demorarei tanto tempo na fila, não deixarei passar gente à frente só para não ficar ao lado de alguns como a velha da trança que parece eléctrica e anda para trás e para a frente, mas olhei pelas mesas e pensei "Quantos vão estar mortos daqui a dois-três meses? Que ao menos os deixem comer aqui, mesmo pagando um preço normal".
Eu sei como são os velhos. Hoje mataram alguns.
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