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por Núria Masot, A Sombra do Templário, pp 216-217
(...) Sempre segundo ele, essas mesmas personagens reescreveram a história e adequaram-na aos seus interesses. Com o tempo, eram tantas as falsificações e as contradições, que nem eles próprios conseguiam distinguir onde começava a verdade e terminava a mentira. O homem de que falo estava convencido de que o poder necessita de mentir para conservar os seus privilégios e de que tudo isto não passava de um grão de areia na história da infâmia.
- Ou seja, acreditas que os pergaminhos são autênticos?
- A minha segunda resposta, meu filho - continuou Jacques sem se levantar - , é que sou apenas um servidor do Templo, que não me interessa nem a verdade nem a mentira, quando estas estão tão intimamente ligadas que, sendo opostas, acabam por ser iguais. Sou velho, Guillem, aprendi a suportar a mentira dos poderosos, mas suportar não é acreditar.
- Tens a noção do que representa, do que significa este achado, Jacques? Todo o poder de Roma, da Igreja, se baseia na ressurreição de Cristo, no privilégio dos primeiros doze apóstolos, com quem partilhou o mistério.
- Pára de pensar, rapaz, ainda acabas por endoidecer - atalhou Jacques, com um gesto de mau humor.
- Os doze apóstolos foram os únicos que conheciam a verdade, e a autoridade de Roma, do Papa, emana directamente deles, da sua experiência. Pedro foi a primeira testemunha da ressurreição. E se mentiram? - Guillem parecia pensar para si mesmo, concentrado nas suas próprias reflexões, alheio à expressão de indiferença do Bretão. - Tens a noção, Jacques? A ressurreição converteu esse grupo de apóstolos num poder incontestável. Ninguém podia aceder a Cristo senão através deles e dos seus continuadores, até agora.
- E que importância tem isso, Guillem? Que diacho interessa isso agora? É assim tão vital descobrir quem mentiu? Alguém o fez, disso não há dúvidas, mas é possível que eles falassem em sentido simbólico, não real, do momento da morte como uma ressurreição espiritual, de iluminação.
- E alguém transformou isso num instrumento do poder - respondeu Guillem de sobrolho franzido.
- E depois, Guillem, o que é que essa teoria vem alterar? O mundo avança mentira sobre mentira, sempre foi assim desde o princípio dos tempos, e assim continuará a ser, o poder é o eixo sobre o qual dançamos, rapazinho, pára de me aborrecer!
- Nenhuma dessas respostas me serve, Jacques.
- Está bem, eu percebo, mas não tenho outras. Vais ter de construir as tuas próprias respostas, filho, e agira em consequência.
Guillem calou-se, absorto nos próprios pensamentos. A autoridade do Papa decorre directamente de Pedro, pensava, e à Igreja dos primórdios, abalada por graves confrontos internos, convinha-lhe aceitar aquela verdade, a ressurreição de Cristo como um facto real e literal. Os benefícios eram imensos, um poder sobrenatural imenso, de além-túmulo, que lhes oferecia o poder absoluto sobre a multidão de crentes. Um poder para alguns, poucos, escolhidos...
- Em que acreditava o Bernard no meio de tudo isto, Bretão?
O jovem procurava a segurança do mestre.
- O Bernard acreditava na vida e na existência irrefutável dos espiões do Papa. - Jacques soltou um gargalhada. - Deixa isso, rapaz, por esse caminho não consegues nada, dá meia volta e penetra no teu íntimo, é aí que estão as respostas.
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O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira...O mundo avança mentira sobre mentira...O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira...O mundo avança mentira sobre mentira...O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira...O mundo avança mentira sobre mentira...O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira... O mundo avança mentira sobre mentira...O mundo avança mentira sobre mentira...O mundo avança mentira sobre mentira...
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- Ou seja, acreditas que os pergaminhos são autênticos?
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- Tens a noção do que representa, do que significa este achado, Jacques? Todo o poder de Roma, da Igreja, se baseia na ressurreição de Cristo, no privilégio dos primeiros doze apóstolos, com quem partilhou o mistério.
- Pára de pensar, rapaz, ainda acabas por endoidecer - atalhou Jacques, com um gesto de mau humor.
- Os doze apóstolos foram os únicos que conheciam a verdade, e a autoridade de Roma, do Papa, emana directamente deles, da sua experiência. Pedro foi a primeira testemunha da ressurreição. E se mentiram? - Guillem parecia pensar para si mesmo, concentrado nas suas próprias reflexões, alheio à expressão de indiferença do Bretão. - Tens a noção, Jacques? A ressurreição converteu esse grupo de apóstolos num poder incontestável. Ninguém podia aceder a Cristo senão através deles e dos seus continuadores, até agora.
- E que importância tem isso, Guillem? Que diacho interessa isso agora? É assim tão vital descobrir quem mentiu? Alguém o fez, disso não há dúvidas, mas é possível que eles falassem em sentido simbólico, não real, do momento da morte como uma ressurreição espiritual, de iluminação.
- E alguém transformou isso num instrumento do poder - respondeu Guillem de sobrolho franzido.
- E depois, Guillem, o que é que essa teoria vem alterar? O mundo avança mentira sobre mentira, sempre foi assim desde o princípio dos tempos, e assim continuará a ser, o poder é o eixo sobre o qual dançamos, rapazinho, pára de me aborrecer!
- Nenhuma dessas respostas me serve, Jacques.
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- Em que acreditava o Bernard no meio de tudo isto, Bretão?
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- O Bernard acreditava na vida e na existência irrefutável dos espiões do Papa. - Jacques soltou um gargalhada. - Deixa isso, rapaz, por esse caminho não consegues nada, dá meia volta e penetra no teu íntimo, é aí que estão as respostas.
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