e o mundo não pára...e, leve, corre e nós ainda não chegamos lá. mas o tempo, esse controlador feroz, chama-nos, grita por nós como se aquilo que sentimos fossem perdas vãs... como as pedras que pisamos e nos magoam.
.
.
.
_____________
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda que se chama coração.
.
.
.
_____________
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda que se chama coração.
Fernando Pessoa