PARADO
tivessem tomado uma decisão. o rosto impávido.
nem um esgar de tristeza.
apenas ali parado.
de repente, passou um comboio... não se desviou. continuou ali parado.
eu, que estava do outro lado da linha, sentada na esplanada dum café qualquer da estação, observava. nunca vira tanta imobiliade.
pus-me a tecer considerações sobre as razões que levariam a que aquele homem estivesse ali. assim. tão parado. tão inerte.
tinha traços no rosto de alguém que não queria estar ali. parecia ser daqueles indivíduos decididos.
mas não. estava ali parado.
entretanto, já tinha bebido o meu chá. comido as torradas, com muita manteiga...sempre com muita manteiga!
a conta fora pedida. e agora vinha o empregado todo solícito entregar-ma. e eu que não queria. pretendia ficar ali, também, parada, a ver o que fazia aquele homem, ali, parado.
mas o empregado não deixava...sempre a passar pela minha mesa, com um olhar curioso e impertinente a controlar o pires onde deixara a conta...tive de pagar.
tive de me levantar.
tive de começar a sair daquele espaço.
o meu caminho era do lado oposto ao da linha para onde o homem estava virado e parado.
ainda olhei para trás à procura de um movimento. mas ele não aconteceu. ainda estava ali parado....passou outro comboio...
20 DE FEVEREIRO 2006
4 comentários:
Rosalina,
Fico à espera do fim da história, que promete... )
Um beijo.
hum... trabalhei dez anos em frente a uma linha de combóio e conheci esse olhar...
(não sei se quero saber o fim)
boa noite, bom equinócio
pois, alien...esta é mais uma das minhas histórias que não acaba. ainda um dia hei-de saber ao certo porquê...e talvez um dia, também, resolva começar a acabá-las.
sim, tereza, o fim desta não deveria ser feliz...será melhor ficar por aqui. ;)
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